Surto de variante do novo coronavírus na Califórnia preocupa EUA

variante B.1.427/B.1.429 do novo coronavírus, descoberta na Califórnia em dezembro, é mais contagiosa do que cepas anteriores, apontam dois estudos recentes ainda não publicados em revistas científicas. No primeiro deles, os pesquisadores descobriram que ela se espalhou rapidamente em um bairro de São Francisco nos últimos meses. Já o segundo confirma sua disseminação com uma produção duas vezes maior de partículas virais no corpo humano do que variantes anteriores.

A pequisa também dá a entender que a B.1.427/B.1.429 pode ser mais resistente a nosso sistema imunológico — e às vacinas. “Gostaria de poder dizer que essa cepa não é significativa”, diz Charles Chiu, virologista da Universidade da Califórnia em San Francisco. “Nós apenas seguimos a Ciência.”

Os especialistas ainda não sabem se a variante representa uma ameaça à saúde pública em comparação com as outras que também se espalham pela Califórnia. A variante britânica, por exemplo, chamada de B.1.1.7, chegou aos EUA, rapidamente se tornou a forma dominante do novo coronavírus por lá e passou a sobrecarregar os hospitais locais.

“Estou convencido de que a B.1.427/B.1.429 está transmitindo mais do que outras localmente”, afirma William Hanage, epidemiologista da Escola de Saúde Pública Harvard TH Chan. “Apesar disso, não há evidências que sugiram que ela está no patamar da B.1.1.7.”

Acaso e coincidência

Chiu descobriu a variante por acaso. Em dezembro, ele e outros pesquisadores da Califórnia estavam preocupados com a descoberta da B.1.1.7 na Grã-Bretanha e começaram a examinar amostras de testes positivos da região. Para isso, sequenciaram genomas virais para ver se a B.1.1.7 havia chegado ao Estado. A surpresa foi encontrar uma nova mutação em um quarto das amostras coletadas.

Ao mesmo tempo, pesquisadores do Cedars-Sinai Medical Center, de Los Angeles, descobriram que havia níveis elevados da mesma variante no sul da Califórnia. Dois dias depois de Chiu, eles anunciaram a descoberta.

Desde então, os pesquisadores acompanham a B.1.427 / B.1.429, para localizar sua origem e rastrear sua disseminação. Ela está em 45 Estados americanos e em vários outros países, como Austrália, Dinamarca, México e Taiwan. Por enquanto, só ocorreram taxas tão elevadas na Califórnia.

Ainda não está claro se o contágio elevado na Califórnia tem outra explicação além das aglomerações que ficaram conhecidas como eventos de superespalhamento. “Um casamento ou a reunião de um coral podem causar impacto na frequência inicial de transmissão dessas variantes”, lembra Joe DeRisi, copresidente do Chan Zuckerberg Biohub.

Via: New York Times

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Fonte olhardigital
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