Greve geral promete parar o Brasil nesta 6ª em defesa da Previdência

Greve Geral de 14 de junho impõe-se contra a reforma de Bolsonaro, e já tem atos em mais de 170 cidades pelo País

Nesta sexta-feira 14, a promessa das centrais sindicais e dos movimentos sociais é fazer o Brasil parar. A greve geral, que já tem adesão diversas categorias nas cinco regiões do País, tem como mote rejeitar a proposta de reforma da Previdência do governo Bolsonaro, e quer ser ainda maior do que a paralisação de 2017 – organizada contra a reforma trabalhista do governo de Michel Temer, que obteve grande proporção nacional.

Os principais pontos criticados pelos setores são a proposta de capitalização da Previdência, o desmonte do Benefício da Prestação Continuada (BPC) e as alterações na aposentadoria rural. Os pontos ficaram de fora do relatório apresentado na Comissão Especial – que analisa a proposta na Câmara – esta quinta-feira 13.

Mesmo assim, a mudança não seria um motivo para apoiar a reforma, dizem sindicalistas e integrantes de movimentos sociais. A mobilização foca em protestar contra os privilégios que ainda seriam mantidos com a reforma de Paulo Guedes, ministro da Economia. Para Guilherme Boulos, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a questão da capitalização, por exemplo, será somente adiada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

“A reforma proposta retira direitos e não enfrenta privilégios. O Maia disse que eles querem apresentar a capitalização como um projeto à parte. É para diminuir polêmicas agora”, disse Boulos. Para ele, os perigos da mudança no tempo de contribuição, a redução da aposentadoria por invalidez e da pensão por morte, por exemplo, ainda sustentam uma Previdência que onera os mais pobres. “É descolado da média internacional, desconsidera um país com alta informalidade. Não tem negociação com essa reforma”, opina.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, afirma que o parecer proposto pelo relator Samuel Moreira (PSDB-SP) também é resultado da pressão dos movimentos sindicais nas bases. “Eles não vão se eleger se aprovarem”, afirma Freitas. “De qualquer forma, o relatório ainda não contempla a expectativa da CUT e continua a retirar direitos do trabalhador”, acrescenta.

Freitas também criticou as liminares concedidas pela Justiça para o Metrô, a Companhia dos Trens Metropolitanos (CPTM) e a São Paulo Transportes (SPTrans, empresa de ônibus da capital paulista), que determinavam que os funcionários dessas empresas deveriam trabalhar com uma porcentagem do quadro de servidores.

“A lei está sofrendo ataque por parte de alguns juízes, mas isso só faz a greve crescer. Vamos enfrentar esse tipo de constrangimento com denúncias nos fóruns internacionais e na OIT (Organização Internacional do Trabalho)”, afirmou o líder da CUT. Mesmo com as decisões judiciais, os metroviários, motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo decidiram paralisar nesta sexta 14.

Em Porto Alegre, a situação é diferente. Os metroviários aderiram à greve no dia 16 de maio, e as últimas horas da quinta-feira foram para entrar no clima da paralisação, afirmou Luis Henrique Chagas, presidente da SindiMetro-RS. Segundo ele, 180 mil passageiros circulam nos metrôs da capital gaúcha diariamente.

Bancários, professores e Justiça Federal também aderem

Professores, metalúrgicos, bancários, trabalhadores da Educação, dos Correios, da Justiça Federal, portuários, servidores públicos, enfermeiros e outros. A lista dos aderidos à greve é extensa, e passa por mais de 170 cidades do país.

Uma das categorias esperadas em peso nas ruas é a dos professores. Heleno Araújo Filho, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), destaca que o ponto crucial da greve é a situação das professoras com a reforma de Bolsonaro.

“Há um índice muito elevado de evasão da sala de aula por conta de doenças no âmbito profissional. 80% da nossa categoria é composto por professoras. Teremos mais afastamento, mais professoras substitutas e nada irá ser resolvido”, afirma Heleno.

Além disso, ele destacou que a categoria decidiu ignorar a ‘orientação’ do Ministério da Educação – que divulgou uma nota dizendo que funcionários, alunos e até mesmo os pais não seriam ‘autorizados a divulgar e estimular protestos durante o horário escolar’. A declaração já foi rechaçada pelo Ministério Público Federal, e, para Heleno, ela apenas demonstra “a falta de conhecimento de quem assume um ministério”.

“Não é da jurisprudência dele. Quem trata da educação básica no Brasil são os Estados e municípios. Nós não cumprimos essa decisão, vamos continuar mobilizando, e vamos ter estudantes, professores e pais e mães nas ruas amanhã, com certeza”, declarou o presidente da CNTE.

De acordo com ele, a base de filiados à CNTE conta com 4,5 milhões de profissionais da educação, e todos irão parar na sexta. Contando com a rede privada e com o nível superior, Heleno estima entre 8 e 9 milhões de educadores paralisados nessa greve.

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Fonte CartaCapital
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