Em convenção do Patriota, Flávio diz que Bolsonaro quer um partido com segurança jurídica

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Durante convenção nacional do Patriota nesta segunda-feira (14), o senador Flávio Bolsonaro (RJ), disse que, antes de decidir sobre eventual filiação ao partido, o presidente Jair Bolsonaro aguarda a sigla resolver questões internas. A legenda, porém, continua rachada.

“O presidente quer vir com esse cenário, com esse contexto de tranquilidade, e segurança jurídica, obviamente”, declarou Flávio, que se filiou ao Patriota no fim de maio. O ato abriu caminho para que o pai dele possa concorrer à reeleição à Presidência da República em 2022 pela legenda.

Partido que se aproximou da família Bolsonaro, o Patriota realizou uma nova convenção nacional nesta segunda para chancelar mudanças no estatuto da sigla, que foram pedidas pelo presidente. Advogado de Bolsonaro e ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Admar Gonzaga também participou da reunião.

A convenção anterior, realizada no fim de maio, gerou uma cisão no partido. Uma ala liderada pelo vice-presidente da sigla, Ovasco Resende, questionou o encontro e acusou o presidente da legenda, Adilson Barroso, de promover um golpe por atropelar demais dirigentes e aprovar as alterações estatutárias.

Para tentar pacificar o Patriota, Adilson convocou a convenção desta segunda. Mas ainda há divergências dentro da sigla.

“Vamos ver o caminho jurídico a ser seguido, já que a convenção está totalmente irregular”, afirmou o secretário-geral do Patriota, Jorcelino Braga.

Resende também questiona a decisão desta segunda. “Ele [Adilson] repete os mesmos erros, as mesmas questões de nulidade. Não teve quórum qualificado para a convenção. Nada foi discutido com o partido.”

Portanto, a unificação da legenda, requisitada pela família Bolsonaro, não foi conquistada. O impasse persiste às vésperas de um encontro previsto entre o presidente Bolsonaro e aliados dele nesta semana para tratarem de eventual filiação ao Patriota. Flávio procurou o vice-presidente do partido antes da convenção. Mas, segundo Resende, a conversa não foi conclusiva.

A ala que questiona a atuação de Adilson quer negociar a manutenção do controle de alguns diretórios estaduais e municipais antes da chegada do grupo de Bolsonaro.

“Não estão entendendo qual é o tamanho do jogo que a gente quer jogar. Já convidei da outra vez e vou convidar de novo. Eu quero que a gente jogue a série A”, discursou Flávio na convenção desta segunda.

O senador viajou até Barrinha (SP), onde fica a sede nacional da legenda.

O objetivo, segundo o senador, é evitar atritos internos e focar na formação de palanques estaduais, além das bancadas na Câmara e no Senado para a eleição de 2022, com “pessoas alinhadas com os nossos pensamentos”.

“A preocupação minha e do próprio presidente Bolsonaro, que está aguardando os desdobramentos do Patriota internamente, é que nós não queremos ter preocupações partidárias. O presidente já tem um país para tomar conta e a gente tem que ocupar a cabeça com as questões eleitorais”, declarou Flávio.

Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, em negociação para eventual filiação ao Patriota, Bolsonaro pediu para filtrar as candidaturas do partido ao Congresso e as filiações à sigla. Sem citar nomes, o presidente tem dito nas conversas com o Patriota que quer evitar traições após a eleição, como ocorreu no PSL.

Durante a convenção, Adilson deixou claro que atualmente a legenda está concentrada em dois grupos políticos (o do presidente da sigla e o do vice-presidente). Portanto, as mudanças no estatuto que foram pedidas pelo presidente Bolsonaro são para pulverizar esse poder em vários grupos, inclusive o da família Bolsonaro.

Uma das alterações visa ampliar o número de vagas no diretório nacional do partido. A ideia é que “seja um partido mais democrático, mais puro em relação a não concentração de um ou dois grupos”, disse Adilson.

Na votação, o novo estatuto foi aprovado quase que por unanimidade dos que participaram da convenção. Braga votou contra e promete buscar saídas jurídicas para novamente tentar anular o resultado.

Ao se aproximar de Bolsonaro, Adilson passou a defender a desfiliação de críticos ao governo, por exemplo, integrantes do MBL (Movimento Brasil Livre).

No encerramento do discurso, Flávio declarou: “Convido a todos a participarem e caminharem conosco. E quem não quiser também… fique à vontade”.

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Fonte yahoo
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