Ato pela Amazônia reúne multidão em Ipanema

Por Jan Niklas do O Globo

RIO — A ameaça do desmatamento e das intensas queimadas na Amazônia levou artistas, políticos e uma multidão de manifestantes para a orla de Ipanema, no Rio de Janeiro, neste domingo. Nomes como Caetano Veloso, Criolo, Aline Morais, Alessandro Molon, Marcelo Freixo, entre outros, puxaram o ato que caminhou em direção ao Leblon, ao som de clássicos da MPB como “Amor de índio” e “Asa branca” e gritos de ordem contra o governo do presidente Jair Bolsonaro , o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e em defesa da Floresta Amazônica.

Organizado pelo grupo @342 Amazônia, da produtora e empresária Paula Lavigne, o ato começou às 15h. Segundo os organizadores, a caminhada foi apartidária e reuniu diversos segmentos da sociedade preocupados com a agenda ambiental em meio a crise das queimadas na Amazônia.

Manifestantes levam cartazes com mensagens como “Você vai morrer de velho, eu de colapso ambiental” e “Se a Amazônia é o pulmão do mundo, Bolsonaro é o intestino grosso”, alguns deles produzidos pelas crianças e famílias presentes na manifestação. Também foram puxadas palavras de ordem como Fora Salles”, “Todos pela Amazônia “ e “Fora Bolsonaro” e “ Bolsonaro sai, a Amazônia fica”. Indígenas presentes também entoaram cantos e palavras de ordem contra o Governo Bolsonaro.

Na divisa entre Ipanema e Leblon, foram atirados ovos sobre as pessoas presentes no ato, vindos da sacada de um prédio da Avenida Vieira Souto. Os manifestantes responderam com gritos de “fascistas”.

Ao fim do ato, Caetano Veloso pegou o microfone e cantou seu sucesso “Um índio”, acompanhado do coro de milhares de pessoas que ainda acompanhavam o ato. Dezenas de artistas presentes fizeram ainda homenagens à roterista Fernanda Young, morta neste domingo aos 49 anos.

Pró-Amazônia

O deputado federal Marcelo Freixo afirmou que o discurso do governo vai contra ações que visam proteger a floresta.

— É preciso entender que essas queimadas tem um sentido político de escolhas que esse governo fez. Isso não é uma questão natural, a gente tem ali um estimulo. Eles diminuíram por exemplo a verba de combate ao incêndio. Então você tem toda uma ação do governo com medidas concretas que geraram o aumento das queimadas, que geraram aumento do desmatamento. Então você manda a Força Nacional de Segurança, você manda o Exército pra apagar os incêndios, mas tem que conter o desmatamento, porquê o desmatamento que está gerando esse incêndio. É um governo muito retrógrado em relação à questão ambiental.

Vestido com uma camisa do @342 Amazônia, o deputado federal Alessandro Molon ressaltou a importância dos protestos para gerar uma mobilização contra o desmanche de políticas voltadas para o meio ambiente.

— É uma manifestação de extrema importância num momento de comoção nacional e internacional em defesa da Amazônia. Não é possível que o governo continue deixando de agir, se omitindo, e até mesmo incentivando com palavras do presidente da república a destruição desse patrimônio que é nacional, mas que tem uma importância mundial.

A cantora Teresa Cristina criticou a postura do presidente Bolsonaroque fez ataque e piadas contra o presidente francês Emanuel Macron.

— É tudo muito urgente, a gente tem que estar na rua. É urgente, a gente está sendo governado por um moleque.

Alunos do Laboratório de Limnologia da UFRJ montaram uma tenda para levar dados sobre a importância hidrográfica da Amazônia para a população. Alguns manifestantes ergueram ainda um boneco inflável do ex-presidente Lula, com uma faixa dizendo “Lula livre”.

Também participaram da manifestação nomes com Maria Paula, David Miranda, Glen Greenwald, Antonia Pelegrino, Yamandú Costa, Patrícia Pillar, Nanda Costa, Paula Burlamaqui, Lan Lan, Benedita da Silva, Chico Alencar e Carlos Minc.

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Fonte ricardoantunes
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