Secretário da Polícia Militar do Rio diz policiais terão que fazer ‘abordagens mais humanas’

Três dias após a morte dos amigos Edson de Souza Arguinez, de 20 anos, e Jhordan Luiz de Oliveira Natividade, de 17, durante uma abordagem policial em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, o secretário da Polícia Militar do Rio de Janeiro, o coronel Rogério Figueiredo de Lacerda, se encontrou com o governador Cláudio Castro (PSC), na manhã desta terça-feira, dia 15, e apresentou um plano de mudança das abordagens da PM — principalmente em saídas de comunidades. Além disso, Figueiredo criticou a abordagem dos dois militares, afirmou que pretende encontrar com as famílias dos rapazes e que, atualmente, a corporação luta para reduzir os autos de resistência e as mortes de PMs. O secretário afirmou que a PM vai passar a adotar uma “abordagem mais humana”.

— O nosso grande desafio é redução de mortes por intervenção. Eu encontrei com o governador para tratar das abordagens policiais. O nosso desafio é sempre preparar para a melhoria das abordagens e ter uma parada qualificada. Em alguns momentos, temos que fazer uma abordagem firme, mas não podemos generalizar. Temos que cuidar da população com um olhar mais humano. Vamos melhorar a abordagem policial. Isso está dentro do nosso plano para cuidar da instituição — afirma Figueiredo, que emenda:

— Estaremos sempre ao lado das pessoas vitimadas, caso haja. Nosso objetivo é preservar vidas. Esse é o nosso papel. Queremos reduzir a vitimização da população e também dos nossos policiais.

Questionado se a abordagem foi correta, o coronel Figueiredo afirmou que “aquela não foi uma abordagem certa”. Ainda afirmou que a corporação não compactua com qualquer crime cometido por um policial e que eles vão responder por suas ações.

— Não compactuamos com qualquer desvio ou crime cometido por um policial militar como o que aconteceu em Belford Roxo. Tão logo eu vi as imagens, a Polícia Militar tomou conhecimento do assunto, recebemos a família no batalhão e logo os corpos foram encontrados. Buscamos todas as informações, pegamos o GPS de todas as viaturas para identificar o carro que tinha as características dos vídeos e chegamos aos possíveis dois policiais. Eles foram ouvidos e apresentamos tudo a Delegacia de Homicídios da Baixada. Eles estão presos para responder por suas ações — diz o coronel, antes de completar:

— Pelas imagens, verificamos que aquela abordagem não foi correta, pois ela não é preconizada nas nossas normas e nos nossos regulamentos que é ensinado no Centro de Formação

Fontes da PM afirmaram que o secretário teria “ficado estarrecido”. Nos próximos dias, Figueiredo deverá encontrar com os pais dos dois jovens. No encontro, o oficial deverá “pedir desculpas” e salientar que aquela abordagem feita pelos PMs o cabo Júlio César Ferreira dos Santos e o soldado Jorge Luiz Custódio da Costa, não foi a correta.

— Eu vou procurar a família e se for possível quero encontrar com eles no nosso Quartel General e se não, irei até o batalhão de Belford Roxo para o encontro da família. A corporação vai apoiar a família por esse momento trágico — afirma o secretário ao GLOBO nesta manhã após um evento no Palácio Guanabara.

Para o secretário, a redução da mancha criminal no Estado do Rio será o reflexo para a queda da criminalidade.

— Quando você trabalha para reduzir o número de roubos de rua, de estabelecimento comercial, você faz um trabalho preventivo que vai atender a população e os policiais também. Quando você tem um número elevado de roubos, possivelmente, confrontos e ações como as mortes de policiais vão acontecer. Então, nosso desafio é reduzir os indicadores criminais — afirma.

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