Delegacia manda ‘zap’ para celular roubado e quem ligar o aparelho tem que se apresentar

Em junho do ano passado, X. comprou um celular pela internet, pagando R$ 600 pelo aparelho. Nem o preço mais baixo, quase a metade do valor de mercado, fez com que desconfiasse da procedência. Após seis meses, ela recebeu uma mensagem pelo WhatsApp alertando que aquele produto havia sido roubado, e lhe foi solicitada sua entrega numa delegacia.

O aviso faz parte de um projeto piloto da 52ª DP (Nova Iguaçu) para recuperar celulares roubados ou furtados. Em pouco mais de um mês, 20 já foram devolvidos aos verdadeiros donos.

— Criamos um setor especializado. A pessoa pode desconhecer que aquele produto é fruto de um crime. A partir dos registros de ocorrência, contactamos as operadoras. Quando um aparelho roubado ou furtado é ativado por um novo usuário, entramos em contato — explica o delegado Celso Gustavo Castello Ribeiro, titular da unidade.

A mensagem orienta quem ligou o aparelho a comparecer em até 24 horas à 52ª DP com uma nota fiscal que comprove a eventual aquisição lícita do telefone. Quem não o faz corre o risco de ser preso por crime de receptação, cuja pena varia de um a quatro anos de prisão. Não sendo possível ir à delegacia no prazo determinado, a orientação ao novo usuário é responder ao aviso para agendar um horário.

estatística é alta

Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio, a região atendida pela 52ª DP teve 401 registros de aparelhos roubados ou furtados de janeiro a novembro do ano passado — um caso a cada 20 horas. Em todo o estado, foram 25.577 no mesmo período — um a cada 19 minutos. Uma das vítimas foi Fátima Cristina Souza, que teve o celular levado no Calçadão de Nova Iguaçu, em outubro. Ele fez um boletim na delegacia e, um mês depois, foi chamada para receber o telefone.

Mariana Braga passou pela mesma experiência. Ela recuperou seu celular na semana passada.

— Não comprem aparelhos sem nota fiscal, podem ser de procedência indevida. Eu agradeço por terem conseguido reaver o meu — disse Mariana.

De acordo com Castello Ribeiro, quem receber uma mensagem da 52ª DP pode checar sua veracidade no site da Polícia Civil.

Foi rastreando pessoas que vendem celulares roubados, identificadas a partir dos relatos de quem os comprou e compareceu à 52ª DP, que a polícia descobriu o autor do assassinato do cabo da PM Derinaldo Cardoso dos Santos, de 34 anos.

O crime ocorreu durante um assalto a uma loja de departamentos em Mesquita, também na Baixada Fluminense, em dezembro. O assassino, de acordo com investigadores, ainda participou de um outro roubo a um estabelecimento comercial, em Nova Iguaçu.

— O trabalho que resulta no envio das mensagens pelo WhatsApp e na devolução do telefone ao dono ajuda a dar prosseguimento a investigações cujo objetivo é identificar uma cadeia de ladrões e receptadores. Muitas vezes, quem oferece aparelhos pela internet é a mesma pessoa que os roubou — afirma Castello Ribeiro.

Segundo o delegado, com os resultados que vêm sendo obtidos em Nova Iguaçu, a tendência é que a iniciativa da 52ª DP seja adotada em outras unidades policiais. Ele acredita numa redução dos índices de roubos de celulares, mas destaca que somente a conscientização da população permitirá que as estatísticas caiam de forma bem expressiva:

— É preciso lembrar que a pessoa que compra um celular sem nota fiscal fomenta um crime do qual ela pode se tornar vítima. Os roubos só acontecem porque há aqueles que alimentam essa cadeia criminosa.

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Fonte yahoo
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