Criptomoeda concorrente do Ethereum dispara em meio à queda do mercado

Possíveis mudanças na plataforma Cosmos Hub estão empurrando o preço de seu token nativo, o ATOM, para cima

Os investidores cripto em busca de sinais de alta parecem estar apostando no ATOM, o token nativo da rede Cosmos Hub, que atua como intermediária entre todas as blockchains independentes construídas em sua plataforma.

Observadores dizem que estão fazendo isso na expectativa de que na conferência anual do projeto, a Cosmoverse, marcada para 26 de setembro, sejam divulgados novos casos de uso para a criptomoeda nativa, bem como melhorias para a segurança da rede.

O ATOM subiu 10% desde quinta-feira (14), e era negociado a US$ 15,3 no momento da redação deste texto, contrariando o cenário negativo no mercado cripto mais amplo causado pela atualização “Merge” (Fusão, na tradução para o português) do Ethereum (ETH). Os preços denominados em Bitcoin (BTC) e Ether do token aumentaram 32% e 14%, respectivamente.

“O mercado está procurando ativos com um catalisador agora e o ATOM tem um, e é por isso que ele está com boa performance”, disse Katie Talati, diretora de pesquisa da Arca.

A Cosmos vai realizar sua conferência anual, a Cosmoversena, próxima semana, em Medellín, na Colômbia. No evento, a plataforma deve lançar um white paper (manual) detalhando mais casos de uso para o ATOM.

“Alguns anúncios em potencial podem estar relacionados ao lançamento de um recurso de segurança chamado ‘interchain’, que permite que os projetos dependam da base da Cosmos para sua segurança, o que pode aumentar o uso e o staking (processo de renda passiva) do ATOM”, disse Talati.

Maior segurança

O recurso interchain tornará a Comos Hub responsável pela segurança em toda a rede e permitirá que o ATOM seja usado para proteger todas as blockchains da plataforma.

Por meio desse plano, a rede de prova de participação (proof-of-stake, ou PoS) da Cosmos usaria seus validadores (participantes que validam as transações) com token ATOM “tracado” na rede para cadeias em desenvolvimento. Isso permitiria que cada blockchain, ou zona, na rede Cosmos compartilhasse segurança usando ATOM em vez de seus respectivos tokens nativos. Atualmente, as cadeias são forçadas a pagar altas recompensas de criptos inflacionárias aos validadores ou enfrentam o risco de ataques de hackers.

A mudança permitiria ao ATOM obter valor de todo o ecossistema e adicionar um novo uso para o criptoativo. A partir de agora, portanto, o ativo pode ser usado para stake, hold (jargão que significa segurar um ativo) e gastos. Os stakers de ATOM têm o direito de votar nas atualizações da rede e receber recompensas proporcionais ao número de moedas “trancadas” na rede.

De acordo com Emperor Osmo, um escritor do Osmosis, um market maker baseado na Cosmos, a segurança entre cadeias pode levar à redução da oferta de ATOM, pois os stakers (pessoas que deixam tokens na rede em troca de juros) receberão várias recompensas da cadeia usando o recurso de segurança de compartilhamento. Isso, por sua vez, poderia aumentar o staking, sugando moedas do mercado.

“À medida que mais cadeias permitem a segurança entre cadeias [usando o ATOM], mais recompensas são dadas aos stakers”, tuitou Osmo. “Quanto mais ATOM fica em staking, menos ATOM existe no mercado.”

Ataques

O recurso de segurança interchain basicamente agrupará todas as blockchains da Cosmos, dificultando o lançamento de um ataque por entidades maliciosas.

“A Cosmos Hub tem 175 validadores que coletivamente têm 193 milhões de tokens ATOM trancados, no valor de quase US$ 2 bilhões”, escreveu a equipe de pesquisa da VanEck, liderada por Matthew Sigel, em um post de insights de mercado publicado no mês passado. “Um invasor que deseja atacar a Cosmos Hub economicamente precisará gastar muito mais do que esse valor para hackear a plataforma e suas blockchains hospedadas”.

VanEck está otimista com o ATOM. “Com base em nossa análise de fluxo de caixa com desconto do valor potencial do ecossistema Comos em 2030, chegamos a uma meta de preço de US$ 140 para o token ATOM com desvantagem de US$ 1”, observou a equipe de pesquisa da VanECK.

Cosmoverse e a inflação

Ainda assim, o ATOM é uma criptomoeda inflacionária com uma oferta em valorização, o que pode dificultar a valorização potencial dos preços.

Segundo dados da plataforma de inteligência cripto Messari, a inflação anual atual do ATOM é de 5,74%. De acordo com VanEck, a inflação sob o modelo econômico atual é de aproximadamente 13%, o que pode ser “muito alto para sustentar uma forte valorização do preço simbólico no longo prazo”.

A conferência anual provavelmente tratará desse assunto.

“É amplamente esperado que a equipe anuncie em breve novos fundamentos para o ATOM que reduzirão a inflação”, disse o boletim semanal da plataforma de dados Kaiko publicado na segunda-feira (19).

A newsletter acrescentou que a Cosmos e o ATOM se beneficiaram de vários protocolos que deixaram o problemático ecossistema cripto Terra após sua implosão no início do ano.

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Fonte infomoney
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