Após demissão surpresa do Banco Mundial, David Malpass diz que não há arrependimentos

O presidente do Banco Mundial, David Malpass, planeja renunciar um ano antes de seu mandato terminar, anunciou a organização na quarta-feira (15). Malpass deixará o cargo em 30 de junho, fim do ano fiscal do Banco Mundial, após mais de quatro anos no cargo.

“Foi uma enorme honra e privilégio servir como presidente da principal instituição de desenvolvimento do mundo”, disse Malpass em um comunicado na quarta-feira.

“Com os países em desenvolvimento enfrentando crises sem precedentes, estou orgulhoso de que o Grupo do Banco tenha respondido com velocidade, escala, inovação e impacto.”

Malpass disse a Julia Chatterley, da CNN, nesta quinta-feira (16), que “não se arrepende” de seus quatro anos de mandato.

“Conseguimos muitas das coisas que eu queria. Acho que é realmente importante que as instituições tenham energia, energia nova, e este é um bom momento para o Banco Mundial fazer isso”, disse ele.

O Banco Mundial, um grupo de 187 nações, empresta dinheiro aos países em desenvolvimento para ajudar a reduzir a pobreza. O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, nomeou Malpass como chefe do Banco Mundial em 2019 por um período de cinco anos.

Como o maior acionista, os Estados Unidos tradicionalmente nomeiam seu presidente.

Durante o mandato de Malpass, a organização respondeu a várias crises, incluindo uma pandemia global e a guerra entre Rússia e Ucrânia.

O Banco Mundial disse que Malpass implementou surtos recordes nas finanças em resposta a ambos. Ele também se concentrou em políticas para aumentar o crescimento econômico, reduzir o peso da dívida do governo e ajudar a reduzir a pobreza. Mas seu mandato tem sido controverso.

Malpass enfrentou críticas de ativistas climáticos em setembro, depois de se recusar a confirmar durante um painel climático se aceitava o consenso científico de que a queima de combustíveis fósseis estava aquecendo perigosamente o planeta. Depois de uma onda de críticas, muitos opositores pediram sua renúncia.

Mais tarde, ele esclareceu à CNN que não era um “negador” e que as emissões de combustíveis fósseis estão “claramente” contribuindo para o aquecimento global.

O Banco Mundial também observou na quarta-feira que mais do que dobrou seu financiamento climático em 2022 para um recorde de US$ 32 bilhões.

Malpass reafirmou nesta quinta-feira o compromisso do Banco Mundial de reduzir os pagamentos da dívida dos países em desenvolvimento para que eles possam financiar projetos cruciais como a adaptação climática.

“Por isso é importante porque os governos e as pessoas dos países precisam de dinheiro para alimentação, saúde, educação, nutrição e adaptação climática. Todas essas são necessidades prementes”, disse ele.

Malpass disse que “decidiu buscar novos desafios” e que esta é uma oportunidade para uma transição suave de liderança no Grupo do Banco.

A secretária do Tesouro, Janet Yellen, agradeceu Malpass na quarta-feira por seu serviço, dizendo em um comunicado: “O mundo se beneficiou de seu forte apoio à Ucrânia diante da invasão ilegal e não provocada da Rússia, seu trabalho vital para ajudar o povo afegão e seu compromisso para ajudar os países de baixa renda a alcançar a sustentabilidade da dívida por meio da redução da dívida.”

“E embora todos nós devamos continuar a aumentar nossas ambições coletivas na luta contra a mudança climática, durante o mandato do presidente Malpass, o Banco Mundial fez importantes avanços recentes nessa área”, disse ela.

Yellen também observou seu compromisso em “garantir uma transição suave” e disse que os Estados Unidos estão ansiosos por uma “nomeação transparente, baseada no mérito e rápida” para o próximo presidente do Banco Mundial.

A abertura também oferece uma oportunidade para o presidente Joe Biden nomear um funcionário que pode implementar a visão de energia verde do governo e ajudar a combater a mudança climática enquanto reduz os custos de energia para as famílias.