8 ações sobem ao menos 40% e só 4 papéis caem mais de 10%: as maiores altas e baixas do Ibovespa em maio

Yduqs foi o grande destaque do período, com avanço de 73,28%, enquanto Cielo teve a maior queda, de 13,56%

Maio foi um período positivo para a Bolsa brasileira, com a aprovação do arcabouço fiscal e os dados de inflação abaixo do esperado elevando as expectativas de corte na Selic no segundo semestre (com projeções de início do ciclo de baixa entre agosto e setembro).

O Ibovespa fechou em alta de 3,74% no período, contrariando a tese do “sell in may and go away”, ainda que perdendo o fôlego na reta final do mês.

Com isso, diversas ações de crescimento, que se beneficiam de um cenário de taxas de juros mais baixas, registraram fortes ganhos. As ações de empresas muito endividadas ou que registraram forte queda nos últimos meses também subiram, com investidores atrás de “pechinchas”. Oito ações do Ibovespa registraram ao menos 40% de alta no mês. São elas: Yduqs (YDUQ3, +73,28%), Azul (AZUL4, +54,73%), Dexco (DXCO3, +50,25%), Locaweb (LWSA3, +46,85%), Hapvida (HAPV3, +44,57%), Cogna (COGN3, +41,67%), Alpargatas (ALPA4, +40,89%) e MRV (MRVE3, +40%). Daremos destaque para as cinco maiores altas.

Por outro lado, a queda do minério e a desaceleração da inflação de alimentos guiaram algumas das maiores baixas do Ibovespa no período. Porém, apenas 4 ações do índice caíram mais de 10%. São elas: Cielo (CIEL3, -13,56%), Assaí (ASAI3, -12,53 %), Vale (VALE3, -11,86%) e Carrefour (CRFB3, -11,41%). Na sequência, estão as ações de BB Seguridade (BBSE3, -9,85%).

Confira as explicações para as 5 maiores altas e as 5 maiores baixas do período:

Maiores altas

Yduqs (YDUQ3): avanço de 73,28%

As empresas do setor de educação têm se destacado recentemente na Bolsa com uma combinação de queda da curva de juros impulsionando as ações do setor de consumo doméstico e uma temporada de resultados do primeiro trimestre de 2023 (1T23) mais positiva do que o esperado.

 

Apesar dos grandes desafios macroeconômicos que as empresas do setor seguem enfrentando, o crescimento do ensino à distância  (EAD) e dos cursos de medicina permanece consistente, compensando a queda nos volumes do ensino presencial (campus). O ambiente de preços também mostra melhora, em meio a uma competição mais racional.

Isso, associado ainda às expectativas pela expansão do FIES (programa de financiamento estudantil do governo federal), tem levado a uma disparada de diversas ações do setor, especialmente para a Yduqs (YDUQ3), que se destacou como a maior alta do mês. Além de ser o grande destaque da temporada de balanços do 1T23 no setor, a expectativa de que a empresa seja a grande vencedora relativa com um eventual FIES mais forte reforça a visão positiva para os ativos, mesmo após o rali.

A XP revisou o setor e agora tem Yduqs como a sua top pick no setor de educação, com preço-alvo de R$ 23,50. Os analistas da XP acreditam que a Yduqs é o player mais eficiente no setor de educação superior, e apesar de ter passado por um período desfavorável, – junto com seus pares – nos anos mais recentes, está bem posicionada para crescer e gerar lucratividade. Ela deve ser impulsionada principalmente por suas verticais Digital e Premium, que geram margens altas e devem gerar alto crescimento daqui para frente. “Vemos a ação como subvalorizada, independentemente da recuperação recente, e a estamos colocando como nossa ação preferencial no setor de educação”, reforçam.

No 1T23, apontam os analistas, a Yduqs alcançou 2,4 mil hubs de aprendizado digital no 1T23 (de 1 mil no 1T20), o que a administração vê como um número próximo do ideal para fomentar as ambições de crescimento futuro. O início de operação de novos hubs também permitirá à empresa aumentar sua base de alunos de educação digital sem tantos esforços de expansão, enquanto iniciativas como recompensar os melhores parceiros e resgatar os de pior desempenho devem render expansão de margem. “Estimamos que a base de alunos da educação digital cresça 82% e a margem Ebitda aumente 9 pontos percentuais [p.p.] de 2022 a 2027”, avalia.

Os analistas destacam que o crescimento na vertical de educação no campus continua difícil para todo o setor, e a Yduqs não parece imune às mesmas pressões. No entanto, a empresa renovou sua presença nessa vertical, reduzindo significativamente os custos e despesas, o que deve preservar a lucratividade do segmento, apesar de um crescimento lento à frente.

Enquanto isso, a educação premium continua ganhando relevância. “Tanto as escolas médicas quanto o IBMEC continuam com desempenho excepcional, com crescimento da base de alunos e aumento de preços reforçando a receita. Não prevemos melhoras relevantes de margem na vertical Premium, porém notamos que ela já apresenta alta rentabilidade e, portanto,
auxiliar a empresa na expansão de margens para os próximos anos, pois ela ganha ainda mais relevância dentro de todo o negócio”, avalia.

 

Para o Morgan Stanley, o setor de educação continua barato e com potenciais catalisadores à frente, incluindo FIES e também com a alta sensibilidade a uma redução nas taxas de juros no Brasil. “Nesse contexto, Yduqs é nossa melhor escolha e também vemos uma atraente recompensa de risco em Vitru e Cruzeiro do Sul”, apontam.

Cabe ressaltar ainda que, em meados do mês, logo após a temporada de resultados do primeiro trimestre de 2023, o JPMorgan destacou porque preferia a ação da Yduqs entre as companhias de “educação massificada” à da Cogna, mesmo após o rali da Yduqs (que continuou).

Na ocasião, o banco reiterou recomendação  overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) e elevou o preço-alvo de Yduqs de R$ 11,50 para R$ 15.

Os analistas elevaram as projeções de receita em 3% para este ano e em 5% para o ano que vem, além de aumentarem perspectivas para o Ebitda ajustado em 6% e em 10% (para este ano e para o próximo, respectivamente) e para o lucro ajustado em 32% para 2023 e em 36% para 2024.

Azul (AZUL4): alta de 54,73%

A Azul teve mais um mês marcado pela recuperação dos seus ativos. Recentemente, cabe ressaltar, analistas de mercado têm revisado suas perspectivas para as aéreas brasileiras, de forma a avaliar os novos programas e também as renegociações de dívidas. O cenário, de acordo com os analistas do Itaú BBA e Bradesco BBI, está mais otimista, enquanto as duas casas apontaram no mês preferência por AZUL4.

O BBI mantém preferência para Azul, com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra). A avaliação se baseia em em: 1) maior liquidez de caixa em relação aos pares locais, 2) sua malha aérea diferenciada e 3) a empresa deve começar a operar novos slots no aeroporto premium de Congonhas, em São Paulo.

O Itaú BBA também atualizou recentemente os seus modelos para a Azul, com recomendação outperform e preço-alvo de R$ 28. A recomendação outperform para a Azul é baseada em: i) melhor visibilidade sobre o seu plano de reestruturação;  ii) o baixo custo marginal da dívida, em 7,5% em dólares, versus 18% da Gol; e iii) múltiplos ainda atraentes, apesar da alta de mais de 100% das ações desde o anúncio da reestruturação.

No mês, o Bank of America também elevou a recomendação para as ações AZUL4 de underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para neutra, elevando o preço-alvo de R$ 11,80 para R$ 18,  pois agora vê um risco-retorno bem equilibrado para a ação após a valorização do real, uma curva de preço de combustível de aviação mais baixa e avanços em plano de reestruturação.

Dexco (DXCO3): salto de 50,25%

A exposição da Dexco (ex-Duratex) ao mercado brasileiro de construção de baixa renda, que deve melhorar gradativamente nos próximos anos à medida que as taxas de juros caem, na visão de analistas, guia a alta do papel da companhia no mês. A Dexco é a maior produtora brasileira de painéis de madeira e uma das líderes de mercado em louças, metais sanitários e revestimentos cerâmicos no Brasil.

Além disso, a companhia divulgou seus resultados do primeiro trimestre de 2023 no início de maio, com números que superaram as expectativas (que eram baixas).

 

A Dexco registrou um lucro líquido de R$ 154,329 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), queda de 31% na comparação com igual período de 2022.

A empresa de louças e produtos para construção civil teve lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado e recorrente de R$ 351,129 milhões, 30,3% menor ante janeiro a março de 2022. Já a receita líquida consolidada foi de R$ 1,712 bilhão, baixa anual de 19,7%, levando a uma margem Ebitda ajustada e recorrente de 20,5%, queda de 3,1 pontos percentuais (p.p.) ante os 23,6% registrados no 1T22.

O Bradesco BBI apontou que a Dexco superou as suas expectativas e do consenso, que eram baixas. “Os resultados de painéis de madeira continuaram sendo um destaque positivo, dando algum suporte aos resultados consolidados, enquanto Deca e Ceramic Tiles apresentaram números muito baixos. Notamos que os números de painéis de madeira foram em parte impulsionados pela venda oportunista de madeira a terceiros”, apontou o banco.

O BBI, contudo, reiterou recomendação equivalente à neutra para os ativos, à luz das persistentes incertezas macroeconômicas no Brasil e da alta exposição da Dexco à atividade de construção.

Locaweb (LWSA3): em alta de 46,85%

O cenário de queda de juros também guia a forte alta para as ações da Locaweb, assim como resultados acima do esperado.

A companhia divulgou em meados de maio os seus resultados do 1T23, com um lucro líquido de R$ 7,2 milhões no período, número 59,7% maior do que os R$ 4,5 milhões do mesmo período do ano passado.

O Itaú BBA apontou que, após dois resultados difíceis de ler (terceiro e quarto trimestre) desde que iniciou a cobertura para as ações, em setembro, a Locaweb reportou números claros e sólidos para o primeiro trimestre. O crescimento de receita líquida ficou em linha com a sua estimativa e estável em base trimestral, o que é positivo devido à sazonalidade negativa do trimestre e ao cenário macroeconômico atual.

Em conferência recente com empresas e investidores, o BBA apontou que, após um bom primeiro trimestre, o humor em relação à Locaweb parece muito mais construtivo no geral. “Em nossa visão, a empresa parece estar muito focada em entregar na frente de margem e demonstrou isso por meio de exemplos mais claros do que nas interações anteriores.
Importante ressaltar, a gestão confia em seus produtos, particularmente fáceis de usar, para vencer a concorrência que está chegando”, aponta.

Hapvida (HAPV3): avanço de 44,57%

“O que virá depois da tempestade?”. A Hapvida, por exemplo, deu início ao seu processo de recuperação.

 

O fraco desempenho da empresa ao longo de 2022 e a falta de visibilidade em relação aos resultados de curto prazo levantaram preocupações dos investidores sobre suas margens de longo prazo e até mesmo sobre sua solvência. Porém, desde os resultados do quarto trimestre do ano passado (divulgado em 1 de março de 2023), houve uma melhora considerável na comunicação da empresa com o mercado, conforme aponta o Itaú BBA.

A questão de solvência foi abordada por meio de medidas como a operação de sale-and-leaseback (operação em que a companhia vende um ativo e o aluga de volta) e follow-on, e também apoiada pela dinâmica de fluxo de caixa melhorada no primeiro trimestre deste ano. Mais importante, agora há fortes indícios de que a Hapvida está totalmente focada na recuperação de margens, aponta o BBA.

No fim do mês, o banco elevou o preço-alvo de HAPV3 ao fim de 2023 para R$ 5,30 por ação, ante os R$ 4,50 por papel estabelecidos anteriormente para o mesmo período. Os analistas reiteraram recomendação de “compra” da ação e destacamos a Hapvida como um dos seus nomes líquidos preferidos no setor de saúde.

Dessa forma, com melhores perspectivas de sinistralidade e rentabilidade à frente, os analistas revisaram a estimativa de lucro líquido para 2024 em 16%, para R$ 1,642 bilhão. “Considerando nossa expectativa de crescimento contínuo e rápido Ebitda com base em nossa crença de que a sinistralidade se normalizará gradualmente nos próximos anos – atingindo a meta de aproximadamente 68% entre 2025 e 2026 –, vemos a empresa com uma boa taxa interna de retorno”, avaliam.

Confira as maiores altas do Ibovespa em maio:

Empresa Ticker Preço Variação percentual
Yduqs YDUQ3 R$ 14,07 +73,28%
Azul AZUL4 R$ 16,85 +54,73%
Dexco DXCO3 R$ 8,85 +50,25%
Locaweb LWSA3 R$ 7,66 +46,85%
Hapvida HAPV3 R$ 3,99 +44,57%

Maiores baixas

Cielo (CIEL3): queda de 13,56%

Apesar de um resultado do primeiro trimestre de 2023 considerado positivo para as ações da Cielo, os ativos da companhia registraram a maior queda do Ibovespa no período.

 

Mesmo com os dados bons das taxas de reprecificação da companhia, a competição ainda acirrada tem sido vista como um ponto negativo. Durante todo o ano de 2022, por exemplo, a empresa viu seu número de clientes cair 12%. Entre janeiro e março, a base de usuários voltou a cair 4%, fechando em 1,02 milhão.

Em relatório recente após a divulgação dos resultados de todo o setor de adquirência do 1T23, o JPMorgan ressaltou que a (i) Rede continuou ganhando participação de mercado, atingindo 23,3%, ante 21,3% um ano atrás; (ii) Cielo, por outro lado, foi o principal “doador” neste trimestre, com o market share caindo quase 200 pontos-base no trimestre, para 24,0% – embora os analistas não vejam isso como necessariamente ruim; (iii) a GetNet, por sua vez, após grande salto do market share no 4T22 (160 pontos-base na comparação trimestral), viu a fatia cair cerca de 50 pontos-base no trimestre, para 15,1%.

Além disso, outros pontos de destaque: a (iv) Stone perdeu pequena participação pelo segundo trimestre consecutivo, atingindo 11,1%; (v) PagSeguro também perdeu pequena participação atingindo 10,5%.

“Para a indústria, o crescimento do volume caiu para 11% na base anual e esperamos uma desaceleração significativa frente 2022 nos próximos trimestres, dada a base de comparação mais difícil”, avaliam os analistas do banco.

Os analistas do JPMorgan, porém, seguem com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para os ativos da Cielo.

Por outro lado, o Goldman Sachs tem recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 5,60 em doze meses.  Os principais “riscos de alta” incluem: 1) capacidade de reprecificar levando a um maior rendimento por transação; 2) redução adicional de custos beneficiando as margens; e 3) nova regulamentação do teto de intercâmbio levando a um aumento maior do que o esperado em nossas estimativas. Os principais “riscos negativos” incluem: 1) ambiente competitivo mais difícil do que o esperado, forçando reduções de preços; 2) maior necessidade de investimentos impactando o crescimento das despesas; e 3) novas perdas de participação de mercado.

Assaí (ASAI3) e Carrefour (CRFB3): quedas de 12,53% e 11,41%

As empresas de supermercado/atacarejo Assaí e Carrefour registraram mais um mês de perdas. 

O JPMorgan, na última semana, apontou em relatório alguns dos possíveis motivos para o recuo do setor de atacarejo – que até pouco tempo era um dos favoritos dos investidores.

Em primeiro lugar, o principal índice de inflação brasileira, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), acumula em abril de 2023 4,18% nos últimos doze meses, alta bem menor do que os mais de 11% registrados em junho do ano passado. O avanço dos preços, contudo, sempre foi um aliado dos atacarejos. A variação em si, normalmente, já impulsiona a receita e traz alguma margem de ganhos como por exemplo com valorização de produtos em estoque. Além disso, com suas rendas comprometidas, as pessoas acabam procurando mais essas opções, que oferecem produtos a preços menores.

“A desaceleração da inflação de alimentos deve continuar prejudicando a receita até o final de 2023, com queda de faturamento e o crescimento das vendas mesmas lojas [SSS, na sigla em inglês]”, fala o time do JP Morgan, encabeçado por Joseph Giordano.

Mas também há a maior competição no radar. De março de 2022 para março deste ano, o Carrefour aumentou o número de unidades do Atacadão de 252 para 346. O Assaí foi um pouco mais modesto, tirando 32 novas lojas do papel, chegando a 217. E o processo de mudança ainda continua, com os dois grupos ainda realizando conversões neste ano. De acordo com a pesquisa NIQ Ebit, foram mais de 400 novas lojas abertas no último ano.

“O mercado tornou-se mais competitivo no ano passado, com vários players abrindo uma quantidade considerável de lojas de atacarejo no período, colocando uma pressão extra na margem bruta, que se soma à menor alavancagem operacional”, fala o JP. “Há riscos significativos de queda das expectativas de consenso. Dados da Nielsen mostram que as vendas mesmas lojas do atacarejo para abril já estão em terreno negativo em São Paulo e no Rio de Janeiro, principais mercados do Brasil”.

O JPMorgan se mantém neutro para as ações do Carrefour e do Assaí. Já o Morgan Stanley está mais otimista: entre as razões para manter a confiança, está, por exemplo, a possibilidade do atacarejo ganhar mercado nas vendas de alimentos.

De acordo com dados do setor e nas estimativas do banco, o atacarejo brasileiro hoje é responsável por 19% da venda de alimentos diretamente para consumidores (B2B) e 25% na venda para outros negócios (B2B).

“Do ponto de vista da estrutura de mercado, vemos ainda mais espaço para ganhos na penetração do modelo de cash & carry”, falam os analistas. “Ao analisar a penetração de formatos de desconto em outros mercados, vemos mais espaço. Dados do Euromonitor mostram que as empresas de cash & carry têm uma participação acima de 35% na Noruega, Dinamarca, Alemanha e Polônia, por exemplo”.

Vale (VALE3): baixa de 11,86%

A Vale registrou um mês de queda tanto pelo movimento de rotação no mercado (de ações de valor para ações de crescimento) quanto pela fraqueza do minério de ferro, com os sinais fracos da economia da China. A holding Bradespar (BRAP4) também caiu na esteira da baixa da commodity.

O minério de ferro chegou ao fim de maio abaixo de US$ 100 a tonelada, e o cobre ampliou sua pior perda mensal em quase um ano, depois que dados de desaceleração da atividade industrial na China ressaltaram a fraqueza da economia que mais consome metais no mundo.

Nesta quarta, destaque para a repercussão do índice oficial de gerentes de compras do setor industrial chinês, que caiu para 48,8, o nível mais baixo desde dezembro, e veio abaixo da estimativa mediana de 49,5 em uma pesquisa da Bloomberg com economistas. Uma leitura inferior a 50 sinaliza contração em relação ao mês anterior.

O minério de ferro teve baixa de quase 6% este mês em Singapura, após um tombo de mais 16% em abril. O declínio é de 25% em relação ao pico de meados de março.

Apesar da queda da Vale, analistas se dividem sobre a tese de investimentos na mineradora.

Em relatório, o Credit Suisse atualizou a sua cobertura para as ações de siderurgia e mineração de forma a incorporar os resultados trimestrais publicados, a perspectiva atualizada para a indústria siderúrgica brasileira e os catalisadores da demanda de minério de ferro da China, reforçando sua visão positiva para a mineradora.

“Por um lado, reconhecemos que o desequilíbrio de oferta e demanda do aço da China, junto com a desaceleração dos dados imobiliários em abril, podem manter os preços do minério de ferro pressionados no curto prazo. Por outro lado, a Vale está melhor posicionada do que seus pares para se beneficiar da descarbonização da siderurgia nos próximos anos”, avaliam, mantendo assim recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para os ADRs (recibo de ações negociados nos EUA) da mineradora, ainda que reduzindo o preço-alvo de US$ 25,50 para US$ 18.

De acordo com os analistas da casa, o acesso exclusivo a minério de ferro de alto teor e baixa impureza é uma vantagem competitiva importante que deve ser precificada gradualmente, à medida que a demanda e os prêmios por produtos de minério de ferro de alta qualidade aumentam.

BB Seguridade (BBSE3): em baixa de 9,85%

Apesar de resultados positivos e de sua resiliência, analistas veem que a rotação do mercado tem afetado as ações de BB Seguridade.

Em relatório recente após conversa com investidores, os estrategistas do Itaú BBA apontaram observar uma mudança clara no posicionamento e na demanda de nomes defensivos para nomes de beta-alto, percebendo também esse movimento durante a temporada de balanços do primeiro trimestre de 2023 (1T23).

“No 1T23, a qualidade dos resultados reportados parecia não ter muito a ver com a reação do mercado de ações. Bradesco BBDC4 apresentou resultados ruins e suas ações subiram, enquanto o Banco do Brasil BBAS3 e BB Seguridade BBSE3 apresentaram bons resultados e suas ações caíram. Os investidores parecem se concentrar agora nos pontos de inflexão e estão comprando nomes que têm sofrido muito, apostando na recuperação dos resultados”, avaliaram, citando BBSE3 como exemplo.

A companhia divulgou seus números do 1T23 no dia 15 de maio, com lucro líquido de R$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre deste ano, com alta de 51,5% na comparação com o mesmo período de 2022.

Após o resultado, o Bradesco BBI reforçou recomendação neutra para as ações da seguradora. “Vemos os resultados como amplamente neutros para as ações. O desempenho operacional foi antecipado em grande parte pelos dados mensais fornecidos pelo regulador (SUSEP), enquanto os números relatados colocam a empresa bem posicionada para entregar cerca de R$ 7,0 bilhões de lucro líquido no ano – implicando, portanto, nenhuma revisão material dos lucros. Em suma, acreditamos que o mercado deve acompanhar de perto a magnitude de uma provável desaceleração nos resultados do seguro rural no próximo trimestre”, avaliaram.

Confira as maiores quedas do Ibovespa em maio:

Empresa Ticker Preço Variação percentual
Cielo CIEL3 R$ 4,67 -13,56%
Assaí ASAI3 R$ 10,75 -12,53%
Vale VALE3 R$ 63,81 -11,86%
Carrefour Brasil CRFB3 R$ 9,47 -11,41%
BB Seguridade BBSE3 R$ 30,93 -9,85%

(com informações da Bloomberg)

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