Forças Armadas da Ucrânia transformam veículos comuns em militarizados para combater os russos

Os técnicos, como são chamados os modelos de guerra improvisados, recebem armaduras, suportes para armas e até decorações

A invasão da Rússia já dura quase sete meses e, neste período, as Forças Armadas da Ucrânia, apesar de terem recebido bilhões de dólares em armas da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte, a aliança militar comandada pelas forças do Ocidente), tiveram que usar a criatividade para criar maneiras engenhosas de transformar o que têm à mão em armas mortais.

Os militares do país desenvolveram um míssil antinavio, o Neptune, que Kiev disse ter sido usado para afundar uma nau da Frota do Mar Negro da Rússia chamada de Moskva. Eles também criaram um grande arsenal de sistemas aéreos não tripulados. Para isso, pegaram drones comerciais e os transformaram em máquinas de lançamento de granadas.

Um dos trabalhos mais marcantes, destaca o portal Business Insider, é a conversão de picapes e SUVs em veículos militarizados, conhecidos como “técnicos”. Poucas semanas após o início do ataque russo, lojas e pequenas fábricas surgiram dentro e fora da Ucrânia para fazer essa transformação.

Os modelos têm recebido armaduras, suportes para armas e decorações. A configuração padrão inclui uma metralhadora pesada – geralmente uma arma de 12,7 mm de origem soviética ou uma arma calibre 50 projetada no Ocidente – na parte traseira, mas outras modificações inventivas já foram vistas em ação, como uma unidade que adotou um sistema improvisado de foguetes de lançamento múltiplo e outra que foi usada para disparar mísseis antitanque.

“A plataforma oferece tanta flexibilidade que é estúpido não usar”, disse, na condição de anonimato, um operador aposentado da Força Delta do Exército dos Estados Unidos ao Insider. “Certamente, nós os usamos porque eles nos permitiram nos misturar no ambiente e nos aproximar do alvo sem levar um tiro, mas os ucranianos os estão usando porque isso é uma das coisas que estão disponíveis para eles”, acrescentou.

Origem da técnica

Veículos carregando armas pesadas e caças fortemente armados têm sido comuns nos campos de batalha modernos, mas os “técnicos”, segundo o Business Insider, ganharam notoriedade nos primeiros dias da guerra ao terror liderada pelos EUA. Oficiais paramilitares da CIA e operadores especiais norte-americanos e britânicos, começaram a usá-los com mais força no Afeganistão, em 2001.

Gradualmente, eles se tornaram uma parte essencial do kit de uma equipe de operações especiais. “Nós os usamos em todas as oportunidades que tínhamos porque eram fáceis de dirigir e podiam ir a quase todos os lugares”, relatou o operador aposentado. “No que diz respeito ao melhor veículo para se tornar um técnico, sem dúvida é o Toyota Hilux. Essa coisa pode levar uma surra séria e continuar correndo.”

A Delta Force, unidade de missões especiais especializada em operações de resgate de reféns e contraterrorismo, foi uma das primeiras a desenvolver modelos equipados com granadas de fumaça, rádios e janelas à prova de balas. Aos poucos, a prática se espalhou. Boinas Verdes do Exército dos Estados Unidos, SEALs da Marinha e operadores de outras forças armadas da coalizão começaram a adotar os técnicos para se misturar e se mover com eficiência.

Nós os fizemos parecer que eram apenas mais um veículo que seria visto em um país do Oriente Médio”, afirmou o operador aposentado. “Isso nos ofereceu uma camada extra de segurança, já que o inimigo, ou qualquer outra pessoa, não poderia dizer de longe que éramos americanos”, complementou.

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Fonte epocanegocios
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