Justiça federal dos EUA indicia três homens por crime racista

A justiça federal dos Estados Unidos indiciou nesta quarta-feira (28) três homens brancos, já acusados no estado da Geórgia, pelo assassinato de Ahmaud Arbery, um jovem negro morto a tiros em fevereiro de 2020 enquanto corria na rua.

Gregory McMichael, de 65 anos, seu filho Travis, de 35, e William Bryan, de 51, enfrentarão acusações de crime racista e tentativa de sequestro em um tribunal federal, de acordo com um comunicado do Departamento de Justiça.

A acusação, aprovada por um grande júri, atribui a eles o ataque ao jovem “devido à sua raça e cor” de pele, de forma que ele foi perseguido com uma caminhonete e com armas, resultando em “sua morte”.

Arbery, de 25 anos, foi morto a tiros em 23 de fevereiro de 2020, enquanto corria por um bairro residencial de Brunswick, pelos três homens, que alegaram tê-lo confundido com um ladrão que atuava na área.

Por mais de dois meses, as forças de segurança locais não realizaram nenhuma prisão e foi necessária a publicação de um vídeo do assassinato, amplamente divulgado nas redes sociais no começo de maio, para que a investigação fosse levada a sério, após intervenção da polícia estadual.

Pouco depois, as autoridades prenderam os três suspeitos, que foram acusados de “homicídio” e “detenção ilegal”. Eles permanecem em prisão preventiva à espera de julgamento, mas ainda não foi definida uma data.

Embora a Constituição dos Estados Unidos proíba que a mesma pessoa seja julgada duas vezes pelo mesmo crime, desde 1847 a Suprema Corte permite processos separados de tribunais federais e estaduais com base no fato de que elas são “entidades soberanas diferentes”.

Na prática, é muito raro ocorrerem dois julgamentos, porque uma vez que uma condenação é proferida por um sistema, o outro tende a perder o interesse.

Porém, isso permite aumentar a pressão em casos muito controversos ou retomar um caso depois de uma absolvição ou indeferimento. Na década de 1960, por exemplo, o governo federal processou vários homens brancos que haviam sido absolvidos no assassinato de pessoas negras no sul segregado.

A mãe de Arbery também entrou com uma ação civil pedindo 1 milhão de dólares em danos. A ação tem como alvo os McMichaels e Bryan, além da polícia local e os promotores, acusados de tentar encobrir o caso, emblemático no contexto do movimento “Black Lives Matter”.

O nome de Ahmaud Arbery ecoou nos Estados Unidos nos gigantescos protestos contra a violência contra afro-americanos, junto com os de George Floyd, asfixiado até a morte por um policial branco em Minneapolis, e Breonna Taylor, morta a tiros em seu apartamento em Louisville durante uma operação policial.

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Fonte yahoo
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