Candidatos da extrema direita e da esquerda vão ao 2º turno no Chile

Advogado conservador José Antonio Kast lidera a disputa pela presidência seguido pelo deputado e ex-líder estudantil Gabriel Boric.

O candidato de extrema direita José Antonio Kast foi o mais votado no primeiro turno das eleições presidenciais do Chile, realizadas no domingo (21) com 27,92% dos votos, seguido do adversário da esquerda Gabriel Boric, que tem 25,80%.

Assim, os dois vão disputar o segundo turno, que será realizado em 19 de dezembro (veja mais abaixo). Para que houvesse um vencedor das eleições já no primeiro turno, um deles precisaria ter mais de 50% dos votos válidos, o que não ocorreu.

Franco Parisi, candidato de direita que passou toda a campanha nos Estados Unidos, onde vive, ficou em 3º lugar com 12,83% dos votos; em quarto, Sebastián Sichel, com 12,75%, que ultrapassou a senadora Yasna Provoste, candidata dos democratas-cristãos, que teve 11,62%.

Foi a primeira eleição em 16 anos sem Sebastián Piñera nem Michelle Bachelet como candidatos a presidente. Piñera é o atual presidente, mas enfrenta forte rejeição popular e acabou de escapar de um processo de impeachment. Bachelet é hoje alta comissária da ONU para os Direitos Humanos.

O voto não é obrigatório no Chile, e nas duas últimas grandes eleições a participação não passou de 50% do total de eleitores (em 2017, quando Piñera foi eleito, apenas 46% dos eleitores compareceram ao primeiro turno e 48% ao segundo).

Na eleição deste domingo (21), um dia de primavera particularmente quente – com termômetros acima dos 30ºC –, foram registradas longas filas nos centros de votação de Santiago e cidades do norte e do sul do país.

Mesmo após o fechamento das seções às 18h (horário de Brasília), muitas pessoas ainda aguardavam para votar no pleito, que também envolvia escolhas de deputados, senadores e conselheiros regionais. São mais de 4.400 candidatos para 485 cargos eletivos.

Os jovens, protagonistas do plebiscito que decidiu em outubro de 2020 por mudar a Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) – processo atualmente em curso –, compareceram em grande número para votar.

Kast, o favorito de extrema direita

Em Santiago, José Antonio Kast, candidato pelo partido Republicano, acompanhado por sua mulher, Maria Pia Adriasola, cumprimenta apoiadores no comício de fechamento de sua campanha em 18 de novembro. — Foto: Ernesto Benavides/AFP

José Antonio Kast é um advogado conservador, tem 55 anos e representa a extrema direita. Depois de 20 anos de militância no partido ultraconservador União Democrata Independente (UDI), é um dos fundadores do partido Republicano e tenta manter o modelo neoliberal herdado da ditadura de Pinochet.

Ele promete impor “ordem, segurança e liberdade”, além de diminuir a presença do Estado nas instituições, reduzir impostos, privatizar empresas estatais e eliminar o Ministério da Mulher e da Equidade de Gênero.

Contrário ao aborto, Kast já divulgou fake news sobre o tema. Em 2017, ele também disputou a eleição, mas ficou em quarto lugar, com 7,93% dos votos.

Boric: o candidato da esquerda
Em Valparaíso, Gabriel Boric, candidato da aliança de esquerda, fala no comício de encerramento de sua campanha em 18 de novembro. — Foto: Martin Bernetti/AFP

Gabriel Boric tem 35 anos (idade mínima para se candidatar à Presidência do Chile) e é o candidato da aliança de esquerda, que reúne o Partido Comunista e a Frente Ampla.

Em sua campanha, ele defendeu um modelo de Estado semelhante ao de bem-estar social de alguns países europeus. Também propôs a criação de uma aposentadoria mínima de 250 mil pesos (cerca de R$ 1,7 mil).

O sistema seria financiado pela contribuição dos trabalhadores em atividade. Os trabalhadores da ativa pagam 10% atualmente, e Boric diz que a ideia seria aumentar gradativamente essa contribuição até 18% (e que uma parte do encargo seria pago pelo empregador).

Boric já comemorou sua passagem para o segundo turno e prometeu unir forças políticas para enfrentar a extrema direita José Antonio Kast.

“A decisão é uma só: ou avançamos para um Chile mais inclusivo e generoso ou continuamos na lógica da rejeição, da exclusão”, afirmou.

 

Ele enviou mensagens a partidos de centro-esquerda, incluindo Yasna Provoste, Marco Enríquez-Ominami e Eduardo Artés. Enríquez-Ominami já respondeu ao chamado: “Convocamos uma grande coligação para enfrentar a extrema direita”.

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Fonte globo
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