Qual é o peso da ação humana nos fundos sistemáticos? Bayes e Avantgarde explicam

Marcello Paixão, co-fundador e gestor da Bayes (núcleo de fundos sistemáticos da Az Quest) e Luciano França, CIO da Avantgarde, são convidados do Outliers

Como a gestão sistemática de fundos é estruturada? Até onde vai a interferência humana na gestão de fundos desse tipo? O que significa a seleção de ações com base em fatores?

Para responder essas e outras perguntas relacionadas ao investimento em fatores, Marcello Paixão, co-fundador e gestor da Bayes (núcleo de fundos sistemáticos da Az Quest), e Luciano França, co-fundador e CIO da Avantgarde, foram os convidados do episódio número 88 do Outliers, podcast apresentado por Carol Oliveira, coordenadora de análise de fundos da XP e Nathalia de Sá, analista de alocação e fundos no Research da XP. O episódio contou ainda com a participação de Rodrigo Sgavioli, head de alocação e fundos do Research da XP.

“É um pouco do mesmo, mas feito de forma diferente”, resumiu Paixão.

Buscando diferenciar a gestão sistemática da gestão puramente fundamentalista, incialmente Paixão reforça que o uso de fatores de riscos na seleção de ações também é utilizado na gestão fundamentalista. Na sua visão, um diferencial relevante entre os dois tipos de gestão está na influência direta do gestor fundamentalista tem na tomada de decisão – tradicionalmente, esses gestores tendem a ter maior contato com as investidas, resultando também em maior concentração de portfólio.

Na visão do gestor, dentro do portfólio de um fundo puramente sistemático, a pulverização existe tanto para mitigar riscos, quanto para diminuir a probabilidade de erro. O gestor também define fatores como “variáveis que influenciam no retorno dos ativos”, sendo os mais comuns valor, momentum, volatilidade e qualidade.

“Os fatores te ajudam a escolher ações boas para comprar e ruins para vender”, diz Paixão.

Para França, a gestão sistemática consegue, através da criação de processos, encontrar empresas investíveis que possuem um prêmio de risco atrativo dentro de um determinado universo de opções. O gestor conta que existem vários estudos a respeito de como os fatores de riscos influenciam no retorno de um ativo, permitindo a montagem de processos sistemáticos de tomada de decisão.

“Como transformar essa ciência que é pública em um processo artístico?”, questiona França. Em sua visão, o grande desafio da gestão sistemática que possui como base investimentos em fatores é se diferenciar perante os pares. Por ser um campo de estudo acadêmico que tem se expandido ao longo do tempo, o gestor acredita que a “arte do gestor” permite a criação de estruturas que podem ser complementares dentro do próprio processo sistemático.

 

E a interação humana?

A gestão sistemática é conhecida pela ausência da tomada de decisão por parte do gestor na hora de investir, sendo ele responsável pela elaboração de modelos algoritmos que irão executar as ordens automaticamente. Dessa forma, tanto Paixão quanto França contam que existem núcleos dedicados exclusivamente a pesquisa, modelagem e desenvolvimento de gestão – com times trabalhando na captura e tratamento de dados.

Em relação à criação e à atualização de modelos, Paixão conta que são realizados estudos para montagem do asset allocation de cada um dos fatores de riscos. Esse processo, busca adequar a gestão de fatores ao cenário do momento. Sobre atualizações, o gestor reforça que as melhorias precisam ser estáveis ao longo do tempo, de forma que são necessários testes para assegurar consistência dos modelos criados.

Paixão conta que existem fatores que se comportam de maneiras distintas a depender do cenário macroeconômico. Por isso, considera importante ter vários fatores, testes e diversificação na exposição por tipo de fator.

A entrevista completa e os episódios anteriores podem ser conferidos por SpotifyDeezerSpreakerApple e demais agregadores de podcasts. O podcast também está disponível no formato de vídeo no canal da XP no Youtube. Além disso, o relatório Indo a Fundo nos Investimentos em Fatores da Az Quest Bayes e da Avantgarde apresenta uma análise completa elaborada pelo time de Research da XP.

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Fonte infomoney
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