Por que as empresas estão falando da orientação sexual dos funcionários?

Neste domingo, 28, comemora-se o Dia do Orgulho LGBTI+. A data movimenta as companhias por meio de ações de respeito e inclusão

Na última semana, uma funcionária do LinkedIn usou a rede para contar sobre quando sua esposa utilizou o benefício que a empresa oferece para fertilização, disponível desde 2018 no valor de até 66 mil reais. Além da alegria de apresentar o bebê da família, a funcionária também exaltou a liberdade que tem para assumir sua orientação sexual no trabalho.

No LinkedIn, um grupo de profissionais LGBTI+, e seus aliados, se reune semanalmente para discutir como tornar o ambiente de trabalho cada vez mais seguro e respeitoso. No mercado de trabalho em geral, ainda há muito a ser feito. Segundo uma pesquisa conduzida pela empresa, 54% dos LGBTI+ afirmam que a empresa onde trabalham possui práticas inclusivas, mas 35% dos respondentes relataram já ter sofrido discriminação no trabalho, sendo que 25% nunca se assumiram nas suas companhias.

“Essas políticas nos tornam sim uma marca empregadora, mas mais do que isso, nos permite ser justa com a sociedade. As pessoas que são respeitadas no trabalho são mais felizes e, consequentemente, performam melhor”, diz Alexandre Ullmann, diretor de recursos humanos do LinkedIn.

No Guia EXAME de Diversidade deste ano, das 96 participantes, apenas 23% afirmam ter um programa estruturado para a contratação de LGBTI+, o menor índice entre os quatro grupos analisados, sendo eles étnico-racial, mulheres, pessoas com deficiência e LGBTI+. Segundo os executivos, isso acontece porque não é uma prática comum perguntar a orientação sexual dos funcionários.

Para o consultor de diversidade e fundador da Mais Diversidade, Ricardo Sales, as empresas percebem os benefícios da inovação em um time mais diverso, e vai além. “No caso de LGBTI+ é possível perceber a retenção de funcionários acolhidos, a lealdade e o sentimento de pertencimento, características muito buscadas pelas companhias”, diz.

Para atuar no tema, é importante entender as particularidades de cada pessoa pertencente a sigla. Na consultoria e auditoria PwC, há um trabalho de contratação de transexuais, travestis e transgêneros por meio de parcerias com organizações e coletivos como TransEmpregos, Rede de Emprego Trans e Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros (Astra).

No Grupo Carrefour, além da contratação há a capacitação de pessoas trans em técnicas comportamentais e de varejo. Após o treinamento, caso haja vagas e a pessoa passar no processo seletivo, o Grupo realiza a contratação, mas também pode a indicar para outras companhias. Atualmente, são 70 trans trabalhando, e 160 já passaram pela empresa. O Carrefour é também uma das primeiras empresas signatárias do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, hoje com 90 companhias participantes.

Pandemia

Abordar a orientação sexual no ambiente de trabalho pode ser ainda mais importante durante o isolamento social provocado pela novo coronavírus.

Uma pesquisa conduzida pela Universidade Federal de Minas Gerais e a Unicamp, apontou que 44% das lésbicas, 34% dos gays, 47% das pessoas bissexuais e pansexuais, e 42% das transexuais temem sofrer algum problema de saúde mental durante a pandemia. Isso acontece especialmente pelo medo do desemprego e por problemas no convívio familiar.

“As pessoas que saíram do armário apenas na empresa sofrem com o home office. Se assumir também tem relação com a independência financeira e as companhias precisam estar atentas a isso. Promover a inclusão de LGBTI+ é uma questão de negócios com impacto social”, diz Sales.

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