Aziz diz que Renan vazou relatório da CPI para blindar parecer de mudanças

Presidente da CPI parte para o ataque contra o relator, mas afirma que G7 votará a favor do relatório

O presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), acusou o relator do colegiado, Renan Calheiros (MDB-AL), de vazar seu parecer à mídia como uma estratégia para criar constrangimento a senadores que discordassem de parte do conteúdo.

“Hoje, não tenho direito de me contrapor ao relatório do senador Renan, [se não] parece que a gente se entregou ao Bolsonaro, ou que está protegendo o filho do Bolsonaro“, declarou Aziz a jornalistas.

O vazamento de versões preliminares do relatório que Renan lerá na CPI na 4ª feira (20.out.2021) provocou um mal-estar, agora público, dentro do grupo majoritário na comissão, conhecido como G7.

Na última 6ª, o grupo fez um acordo para que o relator apresentasse sua proposta de parecer aos colegas nesta 2ª, depois do depoimento de representantes das vítimas da covid-19. Com a divulgação de trechos do relatório pela mídia, os demais senadores entenderam ter havido uma quebra do acerto e a reunião em que conheceriam a íntegra do relatório foi cancelada.

“Seria correto e de boa idoneidade para a unidade do grupo a gente saber do relatório hoje [2ª], discutir ponto a ponto. Não depois, pela imprensa. É aquele negócio, não é, marido traído é o último a saber“, declarou Aziz em frente ao seu gabinete no Senado, depois de conversar com o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e o senador Humberto Costa (PT-PE), também titular da comissão.

O presidente da comissão disse que não haverá nenhuma reunião do G7 antes da leitura do relatório na 4ª. Randolfe, por sua vez, faz as vezes de bombeiro. Tenta acalmar os ânimos e organizar um encontro tanto com Aziz, Renan e os demais integrantes do grupo majoritário antes da sessão em que o relator apresentará o documento publicamente.

“A prioridade é fechar o texto ideal do relatório“, afirmou Randolfe ao Poder360.

Reforçando a acusação ao relator de um vazamento proposital, Aziz disse que votará a favor do parecer com o conteúdo que Renan apresentar na 4ª “para que não haja nenhuma desconfiança“. Para o presidente da CPI, o relator não teria, agora, “o direito” de retirar nenhuma imputação do texto, como o pedido de indiciamento de Bolsonaro por crime de genocídio contra os povos indígenas na pandemia.

“Espero que ele não perca tempo tirando nada porque ninguém é besta aqui e não vamos colocar a carroça na frente dos bois“, disse.

Aziz afirma que eventuais divergências com parte dos trechos do relatório vazados à mídia seria fruto do temor que parte dos indiciamentos não encontre sustentação jurídica e a Procuradoria-Geral da República use isso como pretexto para enterrar todas as acusações.

“Não adianta te acusar de 10 coisas. Preciso te acusar de uma coisa bem-feita e você sair condenado do mesmo jeito“, declarou Aziz, em referência aos 11 tipos penais pelos quais o relator pede o indiciamento de Bolsonaro.

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Fonte poder360
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