Garone: ‘Garoto Figueiredo explodiu São Januário’

Atacante fez o gol da vitória do Vasco sobre o Bahia

O encantamento do futebol não é uma exclusividade das grandes finais ou dos maiores clássicos. Assim como outras maravilhas, sua beleza muitas vezes está escondida no dia a dia e se apresenta sem um convite formal. Não há um dia específico para viver o futebol em sua plenitude, uma data exata, marcada de antemão. Ele simplesmente acontece.

Em São Januário, no entanto, os símbolos começam a aparecer mais cedo. Antes da bola rolar, já é possível sentir a atmosfera diferente. Isso porque a partida é quase que um detalhe quando a torcida vascaína decide botar sua melhor roupa e ir para as ruas. Ela é o jogo, o craque e o juiz. Só não é o próprio gol pois precisa ser também a sua explosão.

Ali, no instante em que a primeira churrasqueira acende e se ouve o repique ainda que distante, a partida começa. Ao menos a do Vasco. A vitória começa horas antes, no entorno, no abraço do seu torcedor em sua casa. Naquele lugar, nem mesmo o mais pessimista duvida. Caso contrário, lá não estaria.

Todo o resto, depois disso, é poesia.

Veja o gol de Figueiredo. Um chute forte, seco, mas que não carrega raiva. É uma explosão controlada. Repare em câmera lenta. A bola, incrédula, pouco se move, não gira como de costume. O movimento, na verdade, é de quem admira a viagem, olhando atenta, como uma criança que vai à praia pela primeira vez.

A bola de Figueiredo, antes de beijar o gol, se apaixonou pela torcida.

Hipnotizada, seguiu em linha reta, ignorando toda e qualquer força que não a jogasse na direção das redes. Na direção da torcida. Na direção de Roberto, que já comemorava antes mesmo da explosão enlouquecida das arquibancadas.

Coisas do futebol. O garoto, que jamais havia sentido o gosto da rede como profissional, o fez com um gol de Dinamite, vestindo a mesma camisa 15 que o ídolo usou contra o Internacional, em 1971, quando marcou pela primeira vez – também num golaço de fora da área. Na baliza que hoje é protegida pelo craque, com sua estátua. Monumento esse que segue invicto na Colina.

Não havia como fugir da vitória. Não tinha como terminar triste para os cruz-maltinos uma tarde como esta. Os avisos eram muitos. Azar do Bahia.

Que fique a lição: quando São Januário esquenta, basta apenas uma faísca para um menino virar dinamite.

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