Filha de Paul Walker funda movimento anti-estupro que está abalando o sistema educacional inglês

Site Everyone's Invited é comparado ao movimento #MeToo por expor uma cultura de estupro e bullying através de relatos e depoimentos de vítimas

Definitivamente não dá para menosprezar o poder de uma produção de audiovisual que traga uma poderosa mensagem em sua história. Ao assistir à série ‘I May Destroy You’ Soma Sara sentiu-se fortalecida e incentivada a compartilhar sua história de sobrevivência a diversos abusos. Suas palavras encontraram Meadow Walker, filha do falecido astro da franquia ‘Velozes e Furiosos’ Paul Walker, que a incentivou e a ajudou a fundar o site Everyone’s Invited, que serve como uma plataforma para a reunião de relatos, depoimentos e denúncias de vários casos de violência e abuso sofridos dentro de escolas.

Soma, que atualmente mora na França, foi educada em uma escola católica particular em Hampstead antes de entrar para o quadro discente da Wycombe Abbey School em Buckinghamshire. A campanha da Srta. Sara expõe a “cultura do estupro” no sistema educacional inglês, ganhando eco em outras partes do mundo com a ajuda de Meadow, que conduz o projeto do outro lado do oceano. Agora com 22 anos, a herdeira de Paul Walker dirige uma fundação em nome de seu pai e agora está usando sua conta no Instagram com 2,5 milhões de seguidores para apoiar adolescentes que sofreram abuso sexual em escolas e universidades como cofundadora e curadora do Everyone’s Invited, site administrado por voluntários.

Soma Sara, uma das fundadoras do site Everyone’s Invited (Foto: divulgação)

A plataforma, fundada em meio à pandemia por Soma, direto da casa de sua avó em Paris, está sendo comparada ao movimento #MeToo, que iniciou um movimento de denúncias na indústria do entretenimento através das histórias de abusos contadas pelas próprias vítimas, que sentiam-se amparadas e motivadas a expor seus dramas pela divulgação de histórias de outras pessoas que passaram pelas mesmas situações. O site Everyone’s Invited já conta com 8.376 relatos e com 37.099 membros ativos em sua comunidade.

O grande movimento teve sua gênese depois que Soma e algmas amigas discutiram suas histórias de abuso, vergonha e provocação por meninos. Ela alegou que suas experiências foram “caracterizadas por uma cultura endêmica do estupro” e que “misoginia e sexismo eram os alicerces”. Soma indica que esses comportamentos abusivos são resultado de uma cultura patriarcal e misógina de longa data, que ganhou contornos mais cruéis com o advento de novas tecnologias e das redes sociais. Sara acrescentou que tinha sido “objetificada por ser asiática”, ouvindo, sem cerimônia, “De onde [você] é mesmo? Posso ficar com você?” ou “sendo constantemente comparada com essa estrela pornô japonesa”.

O ator Paul Walker e a filha, Meadow (Foto: Instagram)

O movimento criado em junho passado acabou tendo sua visibilidade alavancada com o trágico assassinato de Sarah Everard, do sul de Londres, no início deste mês. Embora centenas de escolas particulares de prestígio tenham sido nomeadas e envergonhadas, muitas outras mulheres também usaram a plataforma para revelar suas provações no sistema de educação público, na universidade e até mesmo em família. Em uma semana, ela recebeu e compartilhou mais de 300 respostas anônimas de pessoas com histórias de “misoginia, assédio, abuso e agressão”, e milhares mais se seguiram, principalmente de meninas, mas também de meninos.

Entre as chocantes histórias estão as de crianças de 11 anos sendo forçadas a compartilhar imagens explícitas, mais tarde compartilhadas para envergonhá-las em plataformas de mensagens, e adolescentes descrevendo como foram drogados e estuprados em festas. Incidentes envolvendo alunos de mais de 100 escolas foram agrupados, incluindo alguns frequentadores de escolas de elite, incluindo a famosa Eton – onde o primeiro-ministro Boris Johnson e o príncipe William estudaram.

Hoje, a polícia britânica disse ter recebido “mais de 7.000” depoimentos de alunos, e cada vez mais afirmações que as melhores escolas britânicas encobriram crimes sexuais para proteger suas reputações. Descrevendo sua jornada extraordinária, a Srta. Soma disse ao The Times depois de descrever suas próprias experiências na escola na Grã-Bretanha, a resposta foi “avassaladora”. Ela disse: “Nas férias, cresci nos círculos sociais de Londres e o sexo era uma presença palpável na minha adolescência. O comportamento nojento foi banalizado. Pode ser coerção sexual, estupro, assobios, intimidação sexual, furtividade [remoção não consensual do preservativo], abuso baseado em imagens [pornografia de vingança], culpabilização da vítima. O abuso sexual não apenas existia, ele prosperava. Foi abundante”.

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Fonte revistamonet
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