Elba Ramalho: “Não sinto o envelhecer como um fardo”

Em entrevista à Marie Claire, a cantora paraibana avalia os 40 anos de carreira e fala da sua apresentação no Coala Festival neste sábado (7), em São Paulo

Elba Ramalho faz 40 anos de carreira em 2019. São 38 álbuns que contam a trajetória da cantora paraibana de 68 anos que está sempre nas estradas e diz que não pretende parar. No próximo sábado (7), ela se apresenta no palco do Coala Festival, em São Paulo, e traz Mariana Aydar como convidada. Segundo a cantora, o público pode esperar um show vibrante: O Ouro do Pó da Estrada, seu último trabalho, é um convite para pular e cantar.

Em entrevista exclusiva à Marie Claire, Elba conta que fará surpresas na apresentação. “Estou com novo disco e novo show, mas sempre gosto de fazer investidas fora do roteiro. Minha expectativa é grande e garanto a qualidade do show: vivo, dinâmico, banda arrojada, uma noite marcante. Considero festivais uma das coisas mais bacanas que acontecem no Brasil nesse instante e também me sinto grata e honrada de semear minha alegria para essa galera jovem que certamente estará curtindo o Coala”, diz.

Elba já faturou dois prêmios Grammy Latino pelos discos: Qual o Assunto que mais lhe Interessa?, lançado em 2007 e Balaio de Amor, lançado em maio de 2009. No que depender da cantora, outros virão. “Quero surpreender a mim mesma”, afirma a paraibana.

Mesmo de olho no futuro, acredita que vale reviver o passado. Elba, Alceu Valença e Geraldo Azevedo voltaram aos palcos para a turnê O Grande Encontro, show do álbum de mesmo nome lançado em 1996 – com participação também de Zé Ramalho. O trio tem rodado o país com o espetáculo. “É um fenômeno”, diz Elba. Confira o bate papo com a cantora:

MARIE CLAIRE Você completa 40 anos de carreira em 2019. Como avalia sua trajetória?
ELBA RAMALHO Com sabedoria. Desde a primeira vez que subi ao palco até hoje, sempre tive muita entrega, acertos e alguns equívocos, encontros e solidão, muitas alegrias. Minha proposta maior foi exatamente essa, semear alegria no coração das pessoas.

MC Alguns artistas costumam seguir cantando apenas seus maiores sucessos. Você produz muito, ano após ano. Podemos esperar muitos álbuns ainda?
ER 
Quero surpreender a mim mesma para sentir viva, me renovar através do meu trabalho, criando, buscando. Espero ainda tocar e cantar na obra de alguns artistas, compositores, e me lapidar mais como cantora e artista.

MC Da onde vem tanta inspiração para criar?
ER 
Eu sempre fui muito inquieta com meu trabalho, sempre busquei me aprofundar em algumas coisas, além daquilo que já sabia fazer, buscar outras alternativas para olhar pra mim e ter a sensação que estou me renovando. Minha grande motivação é não plagiar a mim mesma.

MC E como você mantém a disposição do corpo e mente?
ER
 Com a responsabilidade de que quem está na chuva é para se molhar, se está viva é para se viver. Não sinto o envelhecer como um fardo que está pesando nos meus ombros, nem um empecilho para produzir coisas. Me sinto vivaz, jovem, com muita saúde e disposição para seguir. Sou muito serena no meu dia a dia, tenho uma vida de regras, claro, como outros artistas como Ivete, que tem carreira de palco dinâmica. Tenho cuidado com a alimentação, rezo, medito, fico em silêncio, compartilho muitas coisas com amigos, isso me ajuda bastante.

MC Você tem acompanhado a nova geração de músicos do nordeste? Quais?
ER
 Eu tenho acompanhado, sim. O nordeste é um berço, uma fonte riquíssima de arte. Temos heranças fortíssimas de primeiros ídolos como Januário, pai de Luiz GonzagaMarines, os trios, mestres que se tornaram referência para muitos artistas do mundo. Dominguinhos com sua sanfona e maestria por exemplo. É um celeiro de arte, um caldeirão cheio de ritmos, uma diversidade grande popular, é tudo muito rico e expressivo. A cena pernambucana é uma cena forte, tem vozes lindas na parada, um compositor maravilhoso com quem gravei meu último disco é o Juliano. Trabalho com a galera jovem produzindo discos, tem muita gente maravilhosa por esse Brasil. São Paulo também, Kell Smith, estou sempre antenada com essa galera, um povo que chega já ocupando um espaço sólido e plantarão boas sementes pra gente. Os frutos virão no futuro.

MC Como foi voltar aos palcos com O Grande Encontro?
ER 
Foi um projeto de muito sucesso desde a primeira temporada, há 22 anos. Conquistamos um público muito abrangente em uma parceria sincera e verdadeira. Nos respeitamos e temos almas parecidas. Cada um tem uma alma nordestina mas traz uma formação intelectual diferenciada e musical também, por isso que é um sucesso. Nesse momento, comemorando 22 anos do projeto, são 3 artistas fortes, com seu público, sua história, sua trajetória de sucesso e de referências. É lógico que desperta a curiosidade de quem não conhece, de quem conhece e do público jovem que nos tem como referência.

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Fonte revistamarieclaire
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