ASMR Pornô: Brasileiras faturam até R$ 30 mil com técnica em sites adultos

ASMR é o termo é usado para descrever a sensação agradável causada por alguma experiência sensorial. Se causa sentimentos bons, a técnica poderia causar até mesmo um orgasmo

Shhhhh. Silêncio. Coloque seu fone de ouvido e relaxe. Sinta o prazer no som. É assim que começa o ASMR, nome dado para áudios e vídeos que ganharam a internet nos últimos anos. Ao buscar por este nome ou hashtag nas redes sociais, você encontra pessoas fazendo sons com a boca, brincando com massa de modelar, cortando sabonete, mastigando alimentos, entre outras coisas.

ASMR é uma sigla do inglês: Autonomous Sensory Meridian Response (Resposta Meridiana Sensorial Autônoma, em tradução livre). Baseia-se em respostas do nosso organismo a estímulos sensoriais, principalmente auditivos, que teriam o objetivo de atuar no sistema nervoso central, provocando maior estado de sonolência e relaxamento mental, de acordo com o Luciano Ribeiro, médico neurologista, da Associação Brasileira do Sono.

Se causa relaxamento e aumento das atividades sensoriais, a técnica poderia causar até mesmo um orgasmo. E esta parece ser a nova sensação da categoria: o ASMR pornô. Marie Claire conversou com duas brasileiras que fazem sucesso, acumulam milhões de seguidores e ganham até R$ 30 mil por mês.

A precursora desse movimento é Emanuelly Raquel, de 29 anos, que acumula 65,3 mil inscritos em seu canal no Pornhub. “Conheci o ASMR há uns três anos procurando vídeos para relaxar. Como eu adorava aquilo, quis fazer também e comecei há um ano meu canal no Youtube”. Antes disso, Emanuelly já mantinha seus canais em plataformas adultas, “era cam girl na época”, explica. Antes disso, a influenciadora pornô se dedicava apenas ao ramo imobiliário, área que ainda atua, mas com menos dedicação.

O canal de Emanuelly no Pornhub acumula cerca de 55 milhões de visualizações e 100 mil fãs, além de um canal no Youtube com 117 mil inscritos. Nas redes sociais, ela tem mais de 212 mil seguidores. A influenciadora diz que seu trabalho é bem aceito na internet. “Meus amigos e familiares próximos sabem que eu faço pornô, e tá tudo bem. Tenho obtido uma ótima aceitação em todas as plataformas. Recebo poucas mensagens machistas, a maioria é engraçada. Ao contrário do que seria natural de imaginar, os comentários são carinhosos e vêm de homens e mulheres”.

Emanuelly não revela seus ganhos, mas garante que nas plataformas adultas a renda é muito maior. A youtuber e estrela pornô conta que, apesar de não conseguir mensurar os números, seu público feminino é grande e muito participativo. “Em todas as redes as mulheres comentam e adoram”, diz.

Maru Karv (Foto: Reprodução/ Instagram)

Uma das fãs de Emanuelly tem hoje o segundo maior canal com ASMR pornô. Maru Karv é o apelido de Thaís, de 26 anos, que vive em Curitiba e mantém desde novembro de 2018 um canal no Youtube dedicado ao tema. Ela passou a fazer vídeos de ASMR pornô em seu perfil no Pornhub. “Sempre amei o ASMR, conheci a Emanuelly, conversamos e ela e meu marido me incentivaram a começar meus vídeos”, conta. Antes disso, Maru era dona de casa e, quando o marido ficou desempregado, viu em ser cam girl a oportunidade de manter a renda da família. “Fui por 2 anos e meio, mas desde que comecei os canais parei com a transmissão. Já não era o que eu queria”.

Maru começou com os vídeos pois ela e seu marido, Phillipe Karv, já gostavam de fazer gravações caseiras. “Há seis anos, quando nos conhecemos, eu não trabalhava e ele perdeu o emprego, então vimos que poderíamos ganhar dinheiro subindo os vídeos que já gostávamos de fazer. Nós temos uma vida sexual bem ativa, divertida e eu sempre tive a cabeça muito aberta pra isso”, conta.

Com a resposta positiva do público que costumava assistir aos vídeos do casal, Maru aumentou a quantidade de publicações em seus canais. No Youtube ela acumula 49.012 inscritos e no Pornhub são 191 mil seguidores e 50 milhões de visualizações.

“Chamo meus inscritos do Youtube de ‘meus pedacinhos’, minha comunidade tem bastante interatividade. Ainda fiz poucos vídeos de ASMR no Pornhub, não quero misturar as coisas, por medo pelos meus seguidores, até crianças assistem. Não faço nada que pareça sensual no Youtube. Amo de uma forma diferente meus canais, sou singela em um e na plataforma pornô sou safada, superexibicionista, faço outros personagens e uso outra maquiagem”, explica.

Maru Karv (Foto: Reprodução/ Instagram)

A preocupação de Maru se deve ao fato de, segundo ela, muitos inscritos não saberem que ela tem dois canais. “Eles acabam descobrindo nos comentários dos vídeos, sempre tem alguém que fala ‘te conheço de outro site’, mas não são comentários ofensivos. Também não ligo que falem do pornô, eu faço isso!”, diz.

Se há poucas críticas na internet, na família de Maru é um pouco diferente. Por serem religiosos, ela é mais discreta com seus pais sobre seu trabalho. Apesar disso, garante que o retorno financeiro que tem dos vídeos a faz querer viver apenas disso. “Fiquei famosa e o retorno foi rápido, ganho em média R$ 30 mil por mês com o Pornhub e uns 500 reais no Youtube, mas faço por amor”, diz.

Segundo o Luciano Ribeiro, não existem estudos científicos para os efeitos do ASMR. “Os estudos são baseados em estímulos auditivos sem conotação sexual. Muitos sites desvirtuam esses estímulos para uma conotação erótica com maior envolvimento emocional”, explica.

“Em geral, as pessoas não estão usando ASMR para fins sexuais”, afirma Emma Barratt, uma das autoras de um estudo sobre o tema no portal Cracked. “Há uma certa frustração sobre ASMR e sexualidade online. Uma vez que os vídeos mais populares são produzidos por mulheres atraentes, a comunidade foi automaticamente marcada como um grupo que simplesmente gosta de pornô soft estranho. Este tipo de visão é compreensível para alguém que apenas tropeça em um dos vídeos mais populares, mas não leva em conta os milhões de visualizações em vídeos com ruídos de vácuo, ou vídeos cômicos bizarros”.

A afirmação de Emma pode até fazer sentido, visto que entre as dez pessoas consultadas pela reportagem sobre sentir tesão ao ver um ASMR pornô, dois responderam positivamente e os outros acharam “estranho”. “As sensações que o ASMR causam não são as mesmas em todos. Existem poucos estudos científicos que demonstram em algumas pessoas esses resultados, pois, além da resposta neurofisiológica, deve haver um forte componente emocional de natureza individual”, afirma Ribeiro.

Apesar disso, o número de vídeos dessa categoria tem crescido cada vez mais nas maiores plataformas de conteúdo adulto. São 3 mil vídeos no Pornhub, 1.229 no XVideos e 922 no RedTube.

ASMR Pornô: Brasileiras usam técnica em sites adultos e faturam até R$ 30 mil (Foto: Arquivo pessoal)
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Fonte revistamarieclaire
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