Mercado ‘esfria’ aposta e espera que Copom eleve Selic para 6,25% ao ano

O mercado financeiro espera que o Copom (Comitê de Política Monetária) eleve na reunião desta quarta-feira (22) a Selic em 1 ponto percentual, de 5,25% para 6,25% ao ano. Essa é a projeção do Bradesco, Santander, Itaú, BTG Pactual, da XP e da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

Até a semana passada, o mercado financeiro apostava em um aperto maior, de 1,25 ou 1,5 ponto percentual na taxa Selic. Mas a declaração do presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, esfriou essas previsões. Campos Neto disse que o BC está comprometido com a meta de inflação, mas que não vai mudar o “plano de voo” de aumento de juros a cada novo indicador inflacionário.

“Nos últimos dias, as expectativas de inflação pioraram e tivemos revisões do PIB (Produto Interno Bruto) para baixo. Por isso, o mercado esperava um aumento entre 1,25 e 1,5 ponto percentual na Selic, mas a declaração de Campos Neto fez o mercado dar uma boa acalmada na curva curta de juros”, afirma Mauro Orefice, diretor de investimentos da BS2 Asset.

Banco Projeção para setembro Projeção para dezembro
Bradesco 6,25% 7,5%
Itaú 6,25% 8,25%
XP 6,25% 8%
Santander 6,25% 8,25%
BTG Pactual 6,25% 8%
Anefac 6,25% 8,5%

Qual o aumento esperado? De 1 ponto percentual. Caio Megale, economista-chefe da XP, diz que os últimos indicadores mostram que a inflação segue desafiadora para o Brasil, principalmente porque é generalizada, e que o ideal é manter o mesmo ritmo de aumentos.

“Uma aceleração poderia se justificar, mas as incertezas elevadas recomendam cautela. Esperamos que o comunicado mantenha o tom duro, reforçando que a Selic será elevada o quanto for preciso. A projeção do modelo dirá o tamanho do ajuste que o Copom tem em seu plano de voo”, afirma Megale.

Para o BTG Pactual, o Copom está em “uma sinuca de bico”, porque se adotar uma postura dovish (mais leve), as expectativas da inflação vão se deteriorar. Mas se seguir uma postura hawkish (com aumentos mais duros), o PIB de 2022 ficará cada vez mais comprometido.

“A economia está completamente desancorada, com um IPCA que já bateu 9%, sendo que a meta é de 3,75%. Apesar disso, na política monetária você pisa no freio agora, para o carro parar lá na frente. Mas porque não sobe os juros de uma vez? Para não suscitar uma queda brusca no nível de atividade”,  afirma Roberto Dumas, professor do Insper.

Apesar de necessário para controlar a inflação, Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, diz que o aumento de juros pode dificultar o crescimento econômico do país. “Isso é negativo, já que o Brasil teria capacidade de crescer mais no ano que vem, mas é necessário. Outros países fizeram também. Quando tivermos menor pressão sobre preços dos insumos, teremos um maior controle da inflação e uma volta aos poucos da normalidade”, afirma Costa.

Quais as estimativas para o ano? A maior parte dos bancos ajustou suas perspectivas para a Selic ao final do ano, que variam de 7,5% a 8,5%.

Além da reunião desta semana, o Copom se reúne mais duas vezes neste ano, em 26 e 27 de outubro e 7 e 8 de dezembro. Para Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset, existe o risco da inflação ficar em um patamar mais alto por um período maior do que o esperado inicialmente, obrigando o BC adotar uma postura mais dura no longo prazo.

“Os riscos para a inflação continuam sendo a forte pressão dos preços administrados, como gasolina, álcool e a energia elétrica com a nova bandeira, os efeitos das geadas nos preços dos alimentos, principalmente dos in natura, e os serviços, que vinham sendo uma âncora para a inflação, mas consolidaram um ritmo de alta mais elevado nos meses de julho e agosto. Isso aumenta o risco da inflação ficar em um patamar mais alto por mais tempo”, afirma Lima.

Selic

Na última reunião do Copom, o colegiado decidiu aumentar a Selic em 1 ponto percentual, de 4,25% para 5,25% ao ano. A Selic é o instrumento que o Banco Central usa para controlar a inflação e fazer com que o país consiga cumprir a meta inflacionária. Em janeiro deste ano, a taxa era de 2% ao ano, menor patamar histórico, mas já sofreu quatro aumentos ao longo do ano.

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Fonte 6minutos
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