Exclusivo: A razão que manteve Prates na Petrobras e os nomes especulados para substituí-lo

A forte repercussão negativa sobre a decisão do governo de reter em uma reserva de capital R$ 43,9 bilhões de dividendos que poderiam ser distribuídos aos acionistas deu sobrevida a Jean Paul Prates, presidente da Petrobras. Substitui-lo seria um problema adicional após a queda de 10% das ações ordinárias e preferenciais da estatal, o que ocasionou em uma perda de R$ 55 bilhões em valor de mercado da estatal somente naquele dia. Esse relato foi colhido pela EXAME ao longo das últimas semanas com técnicos do Ministério da Fazenda, do Ministério de Minas e Energia (MME) e parlamentares do PT.

Entretanto, a discussão sobre substituir Prates segue viva, segundo apurou EXAME.

Dois nomes têm sido apontados como substitutosMiriam Belchior e Magda Chambriard são apontadas como candidatas ao posto, agradam o Palácio do Planalto e atenderiam a demanda por mais mulheres em cargos estratégicos do governo.

Miriam é considerada uma das mais fiéis aliadas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e foi conselheira de administração da Petrobras no governo Dilma Rousseff. Magda é servidora de carreira da Petrobras e foi presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP) também na gestão de Dilma.

Irritação com Prates e exposição do governo

A decisão sobre a mudança no comando da Petrobras, entretanto, não é trivial. Prates foi alçado ao posto com apoio do PT após se notabilizar no Senado na defesa da empresa contra privatizações de refinarias e por militar pela criação de um fundo de equalização para os preços dos combustíveis — a medida não saiu do papel.

Episódios envolvendo Prates desde que assumiu o comando da estatal têm irritado Lula. Em dezembro de 2023, o presidente da República afirmou que o presidente da Petrobras tem uma “cabeça fértil” após ele anunciar a criação de uma Petrobras Arábia. Em março do mesmo ano, ele precisou negar um eventual invertencionismo do governo na estatal e sinalizar a mudança na política de preços.

A avaliação dos técnicos do governo é a de que Miriam teria uma postura muito mais próxima ao governo do que Prates, que tem usado as redes sociais para comunicar decisões importantes da companhia.

 

A repercussão negativa do debate sobre a retenção de dividendos e a postura de Prates foi veementemente criticada por Lula, afirmaram técnicos da equipe econômica.

Prates usou a rede social X (antigo Twitter) para afirmar que a orientação para segurar a distribuição extraordinária de dividendos da Petrobras partiu do governo. A comunicação atabalhoada foi interpretada por técnicos da equipe econômica como uma tentativa de diminuir sua responsabilidade na crise. Para muitos, o efeito foi totalmente o contrário.

A avaliação interna na Fazenda e no MME é a de que Prates expôs o governo e o presidente por meio de uma rede social, o que deu ainda mais munição para a oposição acusar Lula de intervencionismo na maior petrolífera da América Latina.

Miriam e Magda

Contam a favor de Miriam, além da proximidade com Lula, o fato de ela ter ocupado diversos cargos nas administrações petistas, inclusive como conselheira de administração da Petrobras.

Ela também foi ministra do Planejamento entre 2011 e 2014 e presidente da Caixa entre 2015 e maio de 2016. Antes, na Casa Civil, entre 2003 e 2010, foi responsável pelo monitoramento dos projetos estratégicos do governo e pela articulação e monitoramento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Atualmente, Miriam é secretária-executiva do Casa Civil da Presidência da República.

Magda, por sua vez, tem vasta experiência no setor de petróleo e gás. Além de servidora de carreira da Petrobras, foi diretora e presidente da ANP.

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