Ex-ministro Malan alerta que políticas fiscais devem observar contexto amplo de cada país

Ex-ministro da Fazenda diz que, sem essa análise, não é recomendável seguir as mesmas receitas aplicadas por economias mais desenvolvidas

Soluções de expansão fiscal, de redução de vulnerabilidade e de estímulos à demanda que se tornaram comuns nos últimos anos em vários países desenvolvidos e emergentes em resposta aos efeitos da pandemia de covi-19 – muitas vezes olhadas com admiração – não devem necessariamente ser replicadas em todas as situações. O alerta foi feito hoje pelo ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, durante o 17° seminário internacional SIAC, organizado pela Acrefi

“Nem todos (os países) podem seguir exatamente a mesma receita porque depende de uma análise cuidadosa das restrições sob as quais nós operamos”, disse Malan num painel sobre economia internacional. Ele advertiu que é necessária uma análise detalhada do contexto político, institucional e econômico antes de aplicar tais fórmulas.

Malan destacou que mundo não começou bem a terceira década do século XXI, primeiro com pandemia, que desde 2020 que já matou milhões de pessoas, e depois pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Para dimensionar o tamanho da conta econômica da pandemia, ele lembrou que a recessão do segundo trimestre daquele ano nos Estados Unidos foi a maior do pós Segunda Guerra e que só entre abril e maio 22 milhões de pessoas perderam seus empregos.

A crise sanitária gerou uma resposta de governos, Tesouros e Bancos Centrais que permitiu que essa recessão fosse também de curta duração. Após a queda abrupta da atividade em todo o mundo, houve um recuperação em “V”, devido a esses estímulos à demanda.

O problema é que a partir daí o mundo entrou num período de baixo crescimento e baixa produtividade. O estímulo à demanda e a interrupção de cadeias de suprimento trouxeram na sequência pressões inflacionárias e exigiram dos BCs o início de um ciclo de aperto monetário.

O ex-ministro da Fazenda disse que a combinação de crises levou a que países de todas as partes do mundo passassem a ficar extraordinariamente preocupados com sua segurança, nas mais variada vertentes: energética, alimentar, sanitária, cibernética, ambiental e militar, por exemplo.

Globalização

Malan destacou que essa situação ocorreu num momento no qual num momento em que se questionava os ganhos dos processos de globalização e de avanços tecnológicos, por conta da quantidade de pessoas que não conseguiu se adaptar a tempo a esse mundo moderno e interdependente.

Mediador de um dos painéis do seminário, o economista Eduardo Giannetti da Fonseca concordou com Malan sobre esse momento de questionamento sobre a as vulnerabilidades que a globalização trouxe. “Num mundo cada vez mais interdependente, um pequeno problema num ponto do sistema rapidamente se espalha em toda a cadeia e uma perturbação enorme no mundo”, comentou.

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Fonte infomoney
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