AEB projeta superávit recorde na balança comercial em 2023, mas com queda tanto de exportações como de importações

Superávit deve chegar a quase US$ 52 bilhões; vendas externas deve cair 2,3%, mas compras vão recuar 6,2%

A balança comercial do Brasil deverá apresentar um saldo positivo de US$ 71,933 bilhões em 2023, o que vai representar uma alta de 14,3% sobre os estimados US$ 62,925 bilhões projetados para 2022, estimou hoje a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Apesar da alta estimada representar mais um recorde para o setor, a entidade alerta que esse superávit previsto pode ser considerado “negativo” porque será fruto de um dupla queda de exportações e importações.

Segundo as projeções, as exportações devem chegar a US$ 325,162 bi em 2023, representando uma queda de 2,3% em relação aos US$ 332,825 bi estimados para esse ano. E a previsão é que as importações no ano que vem somem US$ 253,229 bi, o que vai significar 6,2% menos do que os US$ 269,900 bi esperados para esse ano, ou seja, será um “duplo déficit, que não gera atividade econômica.

“Um saldo de quase US$ 72 bilhões é um recorde brasileiro histórico, mas só se trata de superávit porque a queda nominal de quase US$ 17 bilhões das importações será maior do que a das exportações, de mais de US$ 7 bilhões. Com esses resultados, a contribuição do comércio exterior para cálculo do PIB de 2023 será negativa”, explica o presidente executivo da AEB, José Augusto de Castro.

A estimativa da AEB para a corrente de comércio (soma de exportações e importações) de 2023 é de US$ 578,391 bilhões, uma queda de 4% em relação aos US$ 602,725 bilhões estimados para esse ano. Um dos motivos é a esperada redução dos preços das commodities, que se mantiveram elevados em 2022, e foram responsáveis pelos bons resultados da balança, em contrapartida aos pequenos volumes.

“Muitos fatores podem impactar negativamente os resultados da balança comercial, como as elevações dos juros nos Estados Unidos e União Europeia, os problemas internos da China que reduzem o seu crescimento econômico, a guerra da Rússia e Ucrânia, e as decisões da União Europeia de definir cobrança sobre importações”, alerta o Castro.

Ele alerta ainda que o Brasil segue altamente dependente das exportações de commodities, com os produtos manufaturados sofrendo o impacto negativo da falta de competitividade decorrente do elevado custo Brasil. “O Brasil precisa aprovar reformas estruturantes. A ausência dessas reformas é responsável pelo recorde negativo de US$ 125 bilhões previsto para a balança comercial de manufaturados em 2022, resultado da falta de competitividade dos produtos manufaturados e que custa ao Brasil cerca de 4 milhões de empregos qualificados”, diz Castro.

Segundo as projeções da AEB, soja, petróleo e minério deverão ser responsáveis por 35,7% das exportações brasileiras projetadas para 2023, praticamente estáveis em relação à participação de 35% apurada em 2022. Dos 15 principais produtos exportados pelo Brasil, exceto automóveis e semiacabados de ferro e aço, todos os demais são commodities.

Especificamente para a soja, as exportações devem atingir 78 milhões de toneladas em 2022, afetadas pela quebra de safra. Pra 2023 são projetadas 90 milhões de toneladas. Neste ano, a soja permaneceu como o produto líder de exportação, com estimados US$ 46,219 bilhões, e que será novo recorde, cenário que deverá ser consolidado com o volume recorde projetado para 2023.

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Fonte infomoney
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