Mauro Cid chega para novo depoimento à PF sobre suposta tentativa de golpe de Estado

O tenente-coronel Mauro Cid chegou à sede da Polícia Federal, em Brasília, na tarde desta segunda-feira para prestar novo depoimento sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado. Desta vez, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) deverá prestar esclarecimentos sobre informações reveladas na investigação em outras oitivas, como a do ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes.

No último dia 22 de fevereiro, os investigadores ouviram, de maneira simultânea, 23 pessoas, em Brasília, no Rio, em São Paulo, no Paraná, em Minas Gerais, no Mato Grosso do Sul e no Espírito Santo.

 

Nessa ocasião, 16 dos intimados, como Bolsonaro, os ex-ministros da Defesa Walter Braga Netto e Paulo Sério Nogueira, além do ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno e do ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, optaram por ficar em silêncio.

 

De acordo com fontes da PF, entre os sete investigados que falaram nos depoimentos estão o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência Filipe Martins; o presidente do PL Valdemar da Costa Neto; o ex-assessor Tércio Arnaud; o assistente do Comando Militar Sul Bernardo Romão Correa Netto; além do coronel da reserva Cleverson Ney Magalhães.

No dia seguinte, a PF ouviu, no Ceará, o general de quatro estrelas Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira. O militar, fazia parte do Alto Comando do Exército sob o governo Lula até o dia 30 de novembro de 2023, quando passou para a reserva, também respondeu às perguntas feitas pelos policiais.

Depoimento de Freire Gomes

Na sexta-feira da semana passada, foi vez do general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, depor na sede da PF, em Brasília. Durante mais de dez horas, o oficial deu detalhes do suposto plano antidemocrático, afirmando que se opôs a proposta de Bolsonaro de reverter a derrota nas urnas nas eleições de 2022.

Conforme revelou a colunista Miriam Leitão, o comandante implicou diretamente o ex-presidente na tentativa de golpe, dizendo ter sido ele quem convocou uma reunião no dia 7 de dezembro de 2022 no Palácio da Alvorada para discutir detalhes sobre uma minuta que previa a realização de novas eleições e a prisão do Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em seu primeiro depoimento, Cid relatou que soube da existência do documento apócrifo, quando Filipe Martins lhe apresentou uma versão impressa e em formato digital para que fossem feitas alterações pedidas por Bolsonaro.

Mensagens obtidas no celular de Cid mostram que ele chegou a discutir o suposto plano com o então comandante do Exército. “E hoje ele mexeu naquele decreto, né. Ele reduziu bastante e fez algo muito mais direto, objetivo, curto e limitado”, disse o militar a Freire Gomes, em 9 de dezembro – dois dias depois da reunião de Bolsonaro com os militares.

Como colaborador, já que Cid não pode mentir, Mauro Cid deverá a todos os novos questionamentos feitos pelos investigadores, sobretudo acerca dos novos dados trazidos pelos demais investigados e testemunhas, sob pena de ter o acordo cancelado. A delação foi homologada por Moraes, em setembro do ano passado.

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