Além de proteção à família, estes 3 assuntos marcaram a reunião de Bolsonaro denunciada por Moro

Gravação mostrou que o presidente vinculou a troca na PF à proteção de seus família e amigos.

A gravação da reunião ministerial de 22 abril, mencionada pelo ex-ministro Sergio Moro como uma prova de que o presidente Jair Bolsonaro gostaria de interferir politicamente na Polícia Federal, foi exibida nesta terça-feira (12) à defesa de Moro, à AGU (Advocacia-Geral da União) e à PGR (Procuradoria-Geral da União). Quem viu, segundo os jornais, conta que, entre palavrões e ameaças, o presidente vinculou a troca na chefia da PF à proteção de sua família e amigos.

Ainda segundo relatos, o presidente afirmou que sua família estava sendo perseguida. “Já tentei trocar o chefe da segurança do Rio de Janeiro. Se não posso trocar, troco o chefe dele, troco o ministro”, teria dito o presidente, entre palavrões e ameaças, de acordo com o G1. “Não vou esperar f… alguém da minha família. Troco todo mundo da segurança. Troco o chefe, troco o ministro”, de acordo com o relato obtido pela TV Globo.

O presidente não usa as palavras Polícia Federal nem superintendência, mas se dirige a Moro e não ao ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional. Na interpretação de quem fez relatos sobre o vídeo, Bolsonaro se refere ao ministro e à PF. Tanto que logo em seguida Moro pede demissão, o chefe da PF é demitido e o da Superintendência no Rio é trocado.

Bolsonaro também faz duras críticas a Moro, diz que ele não defende nem se engaja com o governo.

Na reunião, no entanto, foram tratados outros temas. Ventila-se que ministros tenham feitos duras reclamações sobre a China, o que seria um assunto sensível à segurança nacional, embora críticas ao país asiático sejam feitas publicamente por ministros como Abraham Weintraub, da Educação, e Ernesto Araújo, das Relações Exteriores.

Além desses temas, selecionamos outros 3 pontos que marcaram a reunião.

1. Exame de covid-19

De acordo com o Estadão, Bolsonaro teria afirmado que não divulgaria “porcaria” de exame sobre coronavírus porque isso poderia levar a um processo de impeachment. O mandatário vem batalhando na Justiça para não mostrar os resultados. Nesta terça, ele voltou a insistir que tem direito ao sigilo da informação, como todos brasileiros têm.

Está nas mãos do ministro Ricardo Lewandowski, do STF, decidir se ele deverá ou não tornar o resultado público. A Justiça de São Paulo garantiu ao Estadão o direito de ter acesso ao exame. A AGU conseguiu barrar a divulgação no STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas o jornal recorreu ao Supremo.

2. Prisão de governadores, por Damares

Na reunião, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, defendeu a prisão de prefeitos e governadores. Ao UOL, a assessoria da ministra confirmou as falas. Disse que ela fez as declarações em um contexto de defesa dos direitos humanos e da administração pública.

O presidente Jair Bolsonaro tem culpado os prefeitos e governadores pela rigidez em medidas de isolamento social no combate à pandemia de coronavírus. Na opinião dele, não é preciso um distanciamento social geral, mas apenas para idosos e pessoas com comorbidades. A doença no País, no entanto, tem feito vítimas fora do grupo de risco.

3. Prisão de ministros, por Weintraub

Ainda na reunião, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, teria xingado ministros do STF e afirmado que todos deveriam ir para cadeia. De acordo com o jornal O Globo, a frase foi dita enquanto o ministro criticava as pessoas que atuam nos Poderes em Brasília.

A declaração de Weintraub é alinhada com a narrativa de grupos bolsonaristas. Eles afirmam que o Supremo e o Legislativo impedem o presidente de governar. Os Poderes têm sido freios de decisões do presidente.

A gravação

O vídeo foi entregue ao ministro do STF Celso de Mello, responsável pela ação ajuizada pela PGR que pede apuração sobre as denúncias que Sergio Moro fez contra o presidente Jair Bolsonaro.

O ministro pediu a transcrição do material e decidirá se irá tornar o material público. Moro acusa o presidente de interferir politicamente na PF. O inquérito apura se as falas são verdadeiras, se não forem, o ex-ministro pode reponder por denunciação caluniosa e crimes contra a honra. Bolsonaro nega interferência política na PF. O presidente, porém, confirma preocupação com a família.

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Fonte huffpostbrasil
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