BrasilAgro (AGRO3) prevê incremento de 40% dos custos na próxima safra

Por outro lado, executivo destacou que o aumento das commodities que a BrasilAgro comercializa dá um cenário positivo à empresa.

Na apresentação a analistas de mercado nesta quarta-feira (11) sobre os resultados do terceiro trimestre de 2022 (3T22 – período de safra), a BrasilAgro (AGRO3) fez uma análise sobre fertilizantes, aumentos de custos de operação e também do momento para compra e venda de terras.

André Guillaumon, CEO da companhia, prevê “40% de incremento de custos para a próxima safra (2022/23)”. O diesel está entre os insumos que levam a uma maior preocupação. A empresa já calculava em 2021 uma elevação do preço do combustível para esse ano, mas o aumento recente surpreendeu a empresa.

“Isso tem impacto no percentual de serviços”, disse o executivo. Por outro lado, ele crê que o aumento das commodities que a BrasilAgro comercializa dá um cenário positivo à empresa.

Na sessão pós-resultado, às 16h20 (horário de Brasília), as ações caíam cerca de 4,40%, a R$ 31,26. Em relatório, a Levante Ideias de Investimentos destacou que o resultado da empresa foi “beneficiado pelo forte aumento nos preços das commodities agrícolas e pelas vendas das fazendas realizadas em 2021, sendo a de Alto Taquari a maior venda da história da companhia. Apesar de alguns problemas decorrentes do clima, a adição de novas áreas compensou a perda”.

Entretanto, “a pressão nos custos vem sendo um ponto de atenção desde o ano passado, principalmente com relação aos fertilizantes”, diz. “Já de olho na próxima safra, a BrasilAgro vem travando margens através de hedge”, ressaltou.

A companhia obteve lucro líquido de R$ 81,78 milhões no terceiro trimestre fiscal, queda de 41% ante igual período do ano fiscal anterior, quando a empresa lucrou R$ 137,57 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado aumentou 57% na mesma base de comparação, passando de R$ 102,29 milhões para R$ 160,67 milhões. A receita líquida da empresa cresceu 90%, para R$ 175,94 milhões.

Queda de preço de fosfatados

O CEO André Guillaumon deu um panorama sobre os fertilizantes usados pela companhia durante a teleconferência. O executivo comentou que, quando ocorreu o embargo econômico da Bielorrússia, no final do ano passado, “já foi um sinal de alerta, embora não tivesse guerra entre Rússia e Ucrânia”.

A Bielorrússia é um importante fornecedor de cloreto de potássio. Em janeiro e fevereiro desse ano, a companhia conseguiu comprar 100% do potássio e, segundo Guillaumon, já foi pago.

No caso do nitrogênio e potássio, a BrasilAgro informou que adquiriu 25% do que precisa. “Temos fornecimento para as soqueiras (rebrota) de cana de açúcar até meados do início do mês de agosto”, disse ele.

“Os nitrogenados ainda não foram comprados para adubação de safrinha e adubação de safra de algodão, que precisa ter disponível a partir de janeiro de 2023”, salientou.

Já sobre fosfatados, ele disse que será necessário internalizar também o produto em agosto e setembro, para iniciar o plantio em outubro.

O CEO da BrasilAgro vê preço de fosfatados diminuindo no mercado. “Ninguém seria otimista demais de achar que voltará para níveis históricos ainda nessa safra, mas acreditamos numa redução de fosfatados até meados do ano. Isso já está acontecendo”, comentou o executivo.

Reflexo da alta de fertilizantes na safra 2022/23

O CEO da BrasilAgro disse que custo elevado dos fertilizantes terá reflexo na safra 2022/23. “Tem-se um aumento representativo pelo tema fertilizantes. Mesmo com custo elevado de fertilizantes, a gente tem margens para rentabilidade”, disse o executivo.

“A gente está vivenciando um bom momento de commodities. A gente achava que esse período seria mais curto. Mas esse processo inflacionário mantém os preços remuneradores”, comentou ainda.

O executivo disse também que o “milho tem bastante incerteza, um pouco por conta (da quebra) da safra brasileira e questão da (guerra na) Ucrânia (que é um grande exportador do grão)”.

Para ele, cana de açúcar e etanol estão com preços interessantes. “E na carne, acreditamos no novo destravamento desse mercado para a China e a Ásia como um todo”, comentou. Outra commodity que a BrasilAgro comercializa é a soja, que tem se mantido em preço elevado.

Momento bom para venda de terras

O executivo da companhia disse ainda que “vender (terra) está mais fácil do que a ponta compradora”. Segundo ele, “na ponta vendedora faz sentido agora”.

“Somos uma empresa cíclica, que quando todo mundo que comprar, nós temos que vender, e quando todo mundo quer vender, a gente quer comprar”, disse a analistas.

“Estamos no momento muito mais vendedor do que comprador. Estamos sendo criteriosos com novas aquisições”, acrescentou.

No final de 2021, a companhia vendeu 2.566 hectares (1.537 hectares úteis) da Fazenda Alto Taquari, Mato Grosso, e 4.573 hectares (2.859 hectares úteis) da Fazenda Rio do Meio, na Bahia. O portfólio de propriedades da companhia é composto por 267.002 hectares divididos em seis estados brasileiros, Paraguai e Bolívia.

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Fonte infomoney
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