Briga de gigantes: o que está por trás das críticas de Musk a Zuckerberg

De um lado, Musk critica o Facebook, do outro, Zuckerberg acha que o presidente da Tesla pode ser irresponsável

Elon Musk, o novo líder na lista dos homens mais ricos do mundo, não poupa críticas quando o assunto é sobre Mark Zuckerberg, criador do Facebook. Os dois travam uma batalha, mesmo que silenciosa, há pouco mais de quatro anos sobre temas que vão de inteligência artificial a Donald Trump.

Tudo começou em 2016, quando a SpaceX de Musk estava testando o foguete Falcon 9 em Cape Canaveral, na Flórida. À época, o foguete explodiu, destruindo o satélite AMOS-6 do Facebook, que deveria levar o foguete ao espaço — o satélite fazia parte de um projeto da rede social de levar internet para os países em desenvolvimento e seria o primeiro da empresa em órbita. Não deu certo.

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Zuckerberg afirmou que estava desapontado. Dois anos depois, Musk afirmou que “a culpa era dele mesmo por ter sido um idiota”. “Nós demos ao Facebook um lançamento de graça para resolver a situação, e acho que eles tinham algum tipo de seguro”, afirmou Musk em seu perfil no Twitter.

Não parou por aí. Em 2017, Zuckerberg afirmou que as “ansiedades de Musk em torno das inteligências artificiais” era algo totalmente negativo e irresponsável. Não demorou para que Musk respondesse: “os conhecimentos dele [Zuckerberg] sobre o assunto são limitados”.

Depois do escândalo de 2018 em relação à Cambridge Analytica e ao uso dos dados dos usuários do Facebook para campanhas políticas, Musk deletou as páginas da Tesla e da SpaceX da rede social. Quando Brian Acton, fundador do WhatsApp, tuitou “é hora de deletar o Facebook”, Musk respondeu “o que é o Facebook?”.

Musk afirmou que a decisão não foi um posicionamento político, mas que, na realidade, ele achava o Facebook “inquietante”. “Ele me deixa assustado, desculpe”, tuitou o homem mais rico do mundo.

No começo de 2020, Musk pediu para que as pessoas deletassem suas contas da rede social. “Delete o Facebook, é ridículo”, disse ele novamente em seu perfil no Twitter. Zuckerberg não comentou o assunto.

Na semana passada, quando apoiadores do presidente americano Trump invadiram o Capitólio em um movimento contra a vitória legítima do democrata Joe Biden, Musk tuitou que aquilo era “um efeito dominó”, com uma imagem de dominós na qual a primeira peça era nominada como “um website para avaliar as mulheres no campus” – uma referência clara ao Facebook, que surgiu com esse propósito na Universidade de Harvard.

Pouco depois, Musk criticou as políticas de compartilhamento de dados do Facebook, tuitando um meme que acusava a companhia de espiar os usuários. A publicação foi feita após o anúncio de que o WhatsApp (de propriedade do Facebook) passaria a compartilhar dados pessoais obrigatoriamente com a rede social de Zuckerberg.

A solução para Musk? “Usem o Signal”, um aplicativo de mensagens criptografadas – a publicação foi retuitada pelo presidente do Twitter, Jack Dorsey. Musk tem mais de 41,5 milhões de seguidores, enquanto Dorsey tem 5,1 milhões de seguidores. O tuite chegou a ter mais de 320 mil curtidas.

Em entrevista à revista americana Forbes, o pesquisador de segurança digital Sean Wright afirmou que a mudança de política de compartilhamento de dados do WhatsApp era “inevitável”. “Existe uma razão pela qual o Facebook comprou o WhatsApp, e fico surpreso que demorou tanto tempo para que algo assim acontecesse. É interessante ver o volume de pessoas que estão mudando para o Signal, e isso é uma boa coisa, significa que temos alternativas. Pessoalmente, depois de ações do Facebook, vai demorar para que eles consigam recuperar a minha confiança quando o assunto é a minha privacidade”, disse ele.

No fechamento das bolsas americanas desta segunda-feira, 11, as ações do Facebook fecharam em uma queda de 4,01%, cada uma sendo negociada por 256,84 dólares.

Recentemente, a Tesla passou o Facebook em valor de mercado. Na sexta-feira passada, a companhia de Musk havia ultrapassado os 800 bilhões de dólares, enquanto a rede social de Zuckerberg era avaliada a 762 bilhões de dólares. Uma briga de gigantes.

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